Capítulo 16 – Fatos interessantes
– Perdoe-me pela visita
inesperada, meu senhor. Venho trazer a seu conhecimento um fato de suma
importância. Diz um homem de aproximadamente 1,90m, magro, de cabelos amarrados
e roupa que lembra a de mordomos, se curvando diante do trono do imperador.
– Ah, há quanto tempo Stradomus,
deve ser algo muito sério, afinal você deixou a mansão da Yumi e atravessou a
cidade.
– É necessário fazer coisas do
tipo algumas vezes, e Midgard tem suas coisas que devem ser apreciadas. – Responde
Stradomus, observando o monarca vir a seu encontro. O imperador tinha cerca de
1,5 m, era forte. Sua barriga mostrava que gostava de uma boa bebida, como todo
anão que se preze. Era careca, e tinha uma barba relativamente longa, que se
apresentava trançada quase sempre. Usava um manto azul por cima das roupas de
monarca. O detalhe mais peculiar era que tinha orelhas muito grandes pra um
anão (Dizem que era por que o imperador deveria escutar muito bem o que lhe
dizem para não responder errôneamente). E nelas ficavam os brincos que provavam
seu status. Esses brincos eram alargadores dourados, por onde passavam argolas.
Nas argolas ficavam penduradas longas penas de Fênix.
– Então meu caro, o que tens a
relatar?
– O clã dos Luminus voltou a atacar.
– Ah, já tenho conhecimento sobre
tal fato.
– Eles atacaram a mestra, a
feiticeira e o forasteiro.
– Já sobre esse fato eu não tinha
conhecimento. – E o imperador, o mordomo e alguns conselheiros chamados depois
continuando dialogando sobre o ocorrido. Enquanto eles chegam a um consenso,
nós pulamos para outras memórias. Um fato estranho e incomum, ou melhor, mais
um fato estranho e incomum. Todos os Lupos e Rikies, reunidos em uma taberna de
Midgard próxima da esquina dos ventos.
– E então, quem vai pagar?–
Pergunta o anão dono da taberna, enquanto limpa um copo de cerveja.
– Cada um paga o seu! – E os
risos e conversas mostram que a confraternização se inicia a todo vapor.
– Concordo! Concordam também em
conversar sobre algo mais trivial e óbvio?
– A Lampirerin Hatsumomo, que no
momento ocupa o cargo de substituta do Lorde Imperial?
– Ótima pauta, por onde
começamos?
– Começamos promovendo o Otellus
a Lorde, e acabando com isso. Ele com certeza é o mais qualificado para o
cargo. – A essa altura, o dono da taberna resolve se intrometer na conversa
– Ele não está muito velho para
tal cargo?
– Dizem que pra ser o Lupuoskirus
é preciso ser sábio como uma raposa de nove caudas...
– Lendas, lendas...
– Não acho que ele está muito
velho pra isso...
– Também não. Ele tem apenas...
Quantos anos ele tem mesmo?
– Só uns 150. – O riso geral toma
conta do lugar, e após algum tempo alguém se lembra de retornar para o foco.
– É fato que a Hatsumomo não tem
aptidão para o cargo, porém ela ficou obcecada com um cargo que não é dela. Isso
é um problema. – Após a observação todos começam a fazer críticas ou discutir
sobre o assunto, quase em unanimidade em relação a colocar outra pessoa no
cargo. A discussão rola solta, até aparecer uma aura sombria inundando o lugar.
Apreensivos, os professores olham a porta, reconhecendo a sombria aura da
pessoa que adentrava. Tinha por volta 1,60, e usava uma capa com capuz, além de
uma máscara negra em forma de cabeça de lobo. Carregava consigo uma foice de
cabo branco e longa, com uma lâmina curvada e negra. Tal figura se aproxima do
balcão e faz seu pedido com uma voz rouca e imponente, ainda assim feminina.
– Leite.
O riso geral toma conta da
taberna novamente, mais alto e incontrolável do que antes. Pelo menos até um
dos professores perceber que uma certa foice está quase arrancando seu pescoço.
– Deveria lhe matar por caçoar
dos seus superiores, por ter uma risada horrível, por essa cara feia ou por ser
tão medroso?
– Você é realmente superior? –
Replica outro
– Como ousa... – Antes que ela
realmente corte o pescoço de alguém, Otellus se materializa dentro da taberna.
– Aquiete-se, criança. E me
pergunto que alvoroço idiota é esse que vocês todos. Que tipo de mestres e
sábios são vocês? Não sou eu quem vai assumir um posto alto como esse. – Comenta
o ancião. “Se você não fosse meu professor, eu lhe mataria” é o que ela deve
ter pensado, em meio a um sorrisinho sarcástico por baixo da máscara. Esse
tempo todo de alvoroço foi o suficiente pra o dono da taberna se recuperar da
crise de riso, e ele interrompe novamente as coisas.
– Desculpe senhorita, mas não
temos leite aqui.
– Acho que eu não ouvi direito. –
Responde a mulher, já do outro lado do balcão, passando a foice por perto do
pescoço do anão.
– Realmente, não deve ter ouvido.
Eu disse que não temos leite, ele acabou há pouco. Eu já estava até pensando em
mandar meu criado repor o estoque. Monstrinho! (referia-se a um goblin) Vá
repor o estoque de leite! – A essa hora a mulher já havia saído do
estabelecimento, e invocado um enorme lobo negro apelidado carinhosamente de Fenrir.
Em meio a outro ataque de risos vindo da taberna ela sai em disparada, correndo
pelos campos. Talvez nunca saibamos se o motivo da graça era a velha piada do
paladino, a do pintinho chamado relam ou a senhorita que veio pra uma taberna
tomar leite. O que sabemos é que um pouco após isso, veio a nosso conhecimento
mais um fato interessante.
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