Aprender a escrever...

Aprender a escrever só se faz escrevendo. E só aprendemos bem aquilo que para nós tenha poesia.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Projeto - Capítulo 3



Capítulo 3 – O verdadeiro final é apenas o começo


– Como vai ficar o final?
– Do mesmo jeito... No final acrescento algo como "E eis as criações dos deuses, por vezes modestas a ponto de se dizerem meros animais, por vezes pretensiosas a ponto de crerem ser os senhores do mundo, a todo o momento inseridos no duelo do bem e do mal e no conceito metafísico da vida e da morte. Tão pequenos em sua esfera negra agora coloridas por relevos, tão grandes em seu espírito... em seus lugares na história, no espaço e no tempo, no meio da uma história que ainda não parou de nos surpreender. Apareceram divergências nas lendas, mas os sábios concordariam em dizer que isto não é o fim. Não chega nem a ser o princípio do fim. Mas é talvez, o fim do princípio. Os fins justificam os meios pelos quais a história se desenrolou até onde estamos? Se são os deuses, ou os gigantes, ou os humanos, ou elfos, ou orcs, anões, titãs, ou os Duraenai o ou os possuidores dessa resposta, ou se ao menos existe realmente uma resposta... temo eu que seja meramente uma esquecida, épica e arcaica informação confidencial. Sore wa dake.”
– Realmente muito bom, coisa fofa. As últimas palavras não são de sua língua, pelo que percebi.
– São em japonês. O Japão é algo... Incrível, indescritível... E essa é uma expressão que diz algo como "então é isso”... Então, é isso o que posso fazer.
– Podes fazer mais... Estás em processo de constante aprendizado e evolução e a um nível relativamente elevado. Você é a perfeição em forma de aprendiz, e esta foi a melhor forma para um mero aprendiz encontrar ao acaso e lapidar o fim de algo que não se sabe ser apenas uma lenda ou a mais pura verdade. Bom trabalho, raposa. – Responde a sacerdotisa, enquanto envolve o aprendiz em seus braços da forma mais aconchegante possível.
      As palavras de reconhecimento, o calor daquela mulher e um abraço aconchegante. Tudo parecia ter roubado as palavras voltadas a qualquer agradecimento. Resolveu ele apenas se entregar aos braços daquela sacerdotisa élfica de beleza indescritível, mergulhando naquele profundo sentimento misto de paz, alegria e inquietação. Se sentimentos não podem ser descritos com precisão por palavras, diria ele que aquela sensação não seria descrita nem pelos sentimentos. Com a sensação sentida pelo surpreendente aprendiz e a benção da grande Sacerdotisa, a história cresce e continua... O ciclo recomeça, desta vez, será completamente diferente do anterior. A noite finalmente cai sobre o casal e a maga espiã, e o incansável trio se rende ao cansaço, caindo assim os três em um sono tranquilo e profundo... “Mal sabiam eles que a morte usa uma poderosa e lendária foice.”

Projeto - Capítulo 2

Esse capítulo é a mitologia de Montris. Ela estava lá pra frente, aí puxei pro começo do livro quando criei o personagem do velho. Espero que vocês apreciem!

Capítulo 2 – A lenda antiga



2.1 – Esferas, deuses e gigantes


– Há um longo tempo atrás... Uma poderosa sacerdotisa ouviu essa lenda de um ancião encapuzado.
– Assim como você? - Pergunta a garota.
– Talvez... Ninguém presenciou o momento... Certo tempo depois, ela estava com o aprendiz em seu colo, algo como a fogueira lhe mostrou... E ela resolve contar-lhe a antiga lenda. Então, estão lá ela, o aprendiz, e uma terceira pessoa... Uma conselheira que apenas observava e ajudava a ilustrar as coisas... Como a nossa fogueira. Ela começa assim:
“– Lembra da história? – Diz a sacerdotisa
–Que história, aquela cheia de coisas místicas?
–Exato... Posso te contar... Ou melhor, dizendo, vou contar agora... É o momento propício
–Conte então... – Responde o aprendiz
–Para realmente entender o agora, às vezes é necessário rever o que se passou, assim voltamos o pêndulo e revemos algo talvez nunca visto. –Diz a voz da conselheira do aprendiz, invisível desde o princípio, observando os dois.
–Então, vamos à história. – Repete o aprendiz
–Ok, here we go. If you turn back the pendullum, you'll discover new hide things. (Tudo bem, Se você voltar o pêndulo, descobrirá novas coisas ocultas. Ou algo do tipo foi o que ela disse.) – Diz a sacerdotisa.”
O ancião adiciona um comentário a mais após isso.
–Talvez o aprendiz não tivesse entendido as palavras, mas soube o significado de cada uma delas pela expressão da meiga sacerdotisa. Dizem que 60% de tudo que fazemos é entendido por gestos corporais, 30% é do tom de nossa voz, 10% o que falamos. Não há princípios básicos para isso, mas quem sabe se podemos fazê-lo vendo a história da história?Certo, aqui vamos nós. Se você voltar o pêndulo, irá descobrir novas coisas ocultas... Ou algo assim. Entende? – Pergunta o senhor à garota
– Entendo... Como ela continuou?
– De uma forma muito elegante. A conselheira começou a fazer as “ilustrações” através de magia, enquanto a sacerdotisa falava:
 “Há incontáveis anos atrás, existia apenas um ser. Este ser dotado de onipotência, onisciência e onipresença é algo tão poderoso que apenas sabemos de sua existência. Nenhum  mortal, semideus ou titã sabe mais do que isso. Ele criou várias dessas... "esferas" (dizia referindo-se às “ilustrações” que a conselheira fazia. Havia lá várias esferas, assim como a fogueira mostra.), e quis ver o desenvolvimento de cada uma. E uma em particular  lhe prendeu a atenção, pois nela duas entidades começaram a tomar consciência. E entre elas haviam som, palavra, cor, harmonia, ainda despercebida, mas pairando entre eles, unindo-os em uma partitura de um destino inevitável e invisível. E houve entre eles uma música. E suas notas foram as mais poderosas e harmônicas de todas as notas, e suas palavras constituíram o mais colossal e épico poema já criado. E qualquer melodia ou palavra vinda depois dessa grande música é nada mais que mero eco da própria primeira grande canção. O criador das esferas resolveu observar o que iriam fazer dessas notas e palavras de poder. Uma delas parecia a personificação da própria luz, e se chamava Hikari. O outro, profundo e assustador como as próprias trevas, se chamava Yamith. Yamith e Hikari ouviram com a alma o poema-canção do destino inevitável, coabitaram, e tiveram três filhos. O mais velho se chamava Kagutsuchi, tomou para si o domínio da magia do fogo. A filha do meio se chamava Mizushi ,e ganhou o domínio sobre as águas. À filha mais nova, Shirohime, não restou nenhum elemento a dominar, então ela dedicou o tempo, a magia e a inspiração divina à música"
–Só existiam  dois espíritos? Isso não deveria funcionar como os quatro elementos, água, terra, fogo e ar? – Pergunta a garota
–Cale-se, criança insolente, e deixe que uma história ouvida por uma de um ancião encapuzado seja contada.

– É assim que um velho encapuzado me pede sua atenção? Já não basta tudo o que está acontecendo e ainda tenho que ouvir impropérios de um desconhecido? O ancião se retém em alguns momentos de silêncio, e após um leve suspiro responde.
– É uma boa colocação. Não foi uma forma adequada de pedir o seu foco em minhas palavras: porém também não foi adequado parar repentinamente uma história tão antiga e mágica, então mais uma vez os humanos erraram. Como você acha que devemos nos redimir?
 – Depois de escutar aquilo não estou a fim de interromper de novo e escutar algo daquele tipo novamente. Acho que devemos esquecer isso, e continuar a história. Muitas vezes quando não conseguimos reparar os erros, tentamos não errar mais. Acho que devíamos fazer isso.
– Ótima resposta! Vejo que você tem uma boa mentalidade no fim das contas. Onde paramos... Ah, aqui! Continuando:       
“Apenas sobrou a música e poesia para Shirohime, a deusa dos elfos. A mãe terra, já havia sido dominada por Hikari, e essa era a base da criação e sustento dos seres ali viventes. Até hoje o é. Os ventos gélidos do norte haviam sido dominados por Yamith. A brisa pode ser agradável, mas nada mais destrutivo que uma tempestade para ser usado por ele (a não ser a sua arma). Após criar a terra, montanhas, florestas e muitas outras coisas através da mãe terra, Hikari ainda sentia falta de algo naquele lugar. Ela resolve criar mais uma forma de vida, dessa vez "à semelhança dos deuses". E assim nascem os gigantes, criados para povoar e tomar conta da esfera. Os gigantes eram grandes, conforme o nome sugestivo, mas a sua grandeza não era apenas o tamanho: eram fortes, habilidosos, justos e bons de coração. Logo construíram uma forte, sólida e evoluída sociedade, graças ao domínio da magia, que eras depois teve sua essência distorcida, e seu nome talvez passe a ser conhecido como ciência."
–Os únicos seres "humanóides" da história são os gigantes? O decorrer disso é uma chatice e isso é o "fim"? Essa é a grande história?– Indaga novamente a garota.
– Seu julgamento precipitado é a causa de sua derrota, e sua afobação ainda a levará a um "encontro de negócios" com a morte. Sabe, dizem por aí que é preciso dois anos para um humano aprender a falar algo com relativa fluência, e 60 para aprender a ficar calado. Então, jovem precipitadamente insolente, peço que se cale mais uma vez, escute a história. Prove ser a exceção dessa regra. – Comenta o ancião.

– Estamos progredindo um pouco, dessa vez você pediu em vez de ordenar. Continue melhorando e me dando informações importantes sobre a fisiologia dos humanos.
– Você também está melhorando, respondeu ironicamente em vez de reclamar. Talvez você não vire alguém como eu quando estiver no fim de seus dias. Talvez.
Após outro suspiro que faz um som estranho e talvez disfarce algum incômodo em sua garganta, o velho resolve abrir seu livro e continuar.
Hikari não quis deixar os gigantes sozinhos, então fez da terra e da luz várias outras criaturas (quem sabe algumas não existem até hoje?) e pediu a colaboração de seus filhos para povoar a esfera, e assim também iria medir a habilidade de seus filhos. Kagutsuchi usou o poderoso fogo, e com ele criou os orcs. Os orcs eram fortes, mas não mais fortes que os gigantes. Talvez questão de que o fogo não era mais poderoso que a luz. Mizushi tomou as águas, e com elas criou os elfos. E os elfos eram habilidosos em magia, mas não tão bons quanto os gigantes, provando assim, que a água também não era mais forte que a luz. Shirohime, como não detinha espírito nenhum, ensinou a todos o dom da música. Diante da criação de seus filhos, ódio e o ciúme tomaram conta de Yamith, queria ele não ter o dom de apenas julgar, destruir e aniquilar. Queria criar. Sendo assim, ele dialogou com Hikari, e a negativa iminente veio no formato: "Mantenhamos os nossos trabalhos de criação e destruição. “São as nossas missões, missões dadas pelo criador de tudo.”. É dessa maneira que a saga continua, e ele pede ao seu filho que o deixe usar o fogo, e este recusa veementemente: "Nossa mãe não nos permite, e o seu destino resume-se a destruir”. Como Shirohime não possuía espírito algum, sobra a ele recorrer ao poder de persuasão que tem sobre Mizushi. A filha reluta, depois resolve atender ao pedido, e entrega a ele a água, já usada e pútrida. Yamith toma a água usada em suas mãos, rouba um pouco do que sobrou de cada elemento e com isto cria os humanos. Os humanos nasceram frágeis, e sem habilidades. Não eram fortes como os orcs, não eram habilidosos em magia como os elfos. Os humanos foram então fadados a escravidão. "Humanos inúteis, servirão apenas para serem nossos escravos, seres inferiores. Não que estejamos esperando que cumpram essa tarefa como se deve." O criador dos humanos foi tomado por uma intensa fúria, primeiramente, por ter criado uma raça tão desprezível e inútil como aquela, e depois por ver que ela seria subjugada às outras. Como pôde ele, mais poderoso que seus filhos ter criado algo que não nascera com nenhum dom? Na verdade, ele não percebera que também tinha o poder de criar. Porém, até a sua criação era voltada para o ato de destruir. Da sua fúria por ter dado vida as chamadas “coisas desprezíveis” surgiram os titãs, que eram seres elementais gigantescos. Seres que começaram a destruir tudo. Os gigantes travaram muitas batalhas com os titãs, mas somente com a ajuda dos deuses conseguiram obter vitórias expressivas sobre aqueles seres de destruição massiva. E agora lhe conto mais um dos incontáveis paradoxos existentes nesse universo. Como sempre existem exceções, existia algo bom no grande mal representado pelos titãs: alguns poucos eram bons, ou tornaram-se assim com o tempo. E um titã da terra estava entre eles... se chamava Gaiatos. Nos domínios desse titã, debaixo de seus pés e seus cuidados, nascia uma nova raça: os anões. Os anões eram inteligentes, e usaram o subsolo como fonte de sustento, sendo acolhidos depois pelos gigantes e os ajudando em construções, invenções e metalurgia. "
–Uau... A história é maior do que pensei... – Comenta a garota.

– A historia é algo em crescimento contínuo... Vamos recapitular para o melhor entendimento caso você não tenha entendido bem. Um ser superior de mais para ser definido ou nomeado criou tudo, Yamith e Hikari deram origem aos três deuses, Hikari aos Gigantes, os deuses menores aos Orcs e Elfos, Yamith aos Humanos e Titãs, e do domínio dos Titãs surgiram os Anões. Tudo bem até aqui?
– Sim, eu acho. Continue
“Os anos se passaram, e os gigantes se fortaleciam. Viviam por tanto tempo que até pareciam ser imortais... essa mentalidade acabou fechando seus corações. “Somos fortes, habilidosos e praticamente imortais. Porque temos de nos submeter aos deuses? Eles não têm o direito de estar em um suntuoso palácio nas alturas!”“. Essa, com a mais absoluta certeza, foi a maior tolice que a sagaz mente dos gigantes poderia pensar. Os gigantes declararam guerra aos deuses, e começaram a ser dizimados por Yamith. Hikari teve compaixão de suas criaturas, e impediu a perseguição de Yamith. "Apesar de terem cometido o pecado de saírem do devido lugar, são nossos filhos... deixe-os viver." Yamith atendeu ao pedido, já que não podia superar Hikari(ambos era do mesmo nível) e a deusa escondeu os gigantes que sobreviveram em um lugar onde o deus da destruição não os alcançou. A grande perda de todos os gigantes ensinou-os que mesmo que algo cresça, chega a um determinado limite, onde para de crescer. Aliás, não só a eles, isto serviu de exemplo para as outras raças. A única a não apoiar a atitude foi Mizushi. Enciumada com o carinho demasiado pelas criaturas, Mizushi se revolta, escondendo-se no submundo.
De alguma maneira, Mizushi havia conseguido atrair e seduzir seu pai antes de esconder-se, e de Yamith e Mizushi nasceram os filhos do ódio, os poderosos e orgulhosos dragões. Atitude reprovável para os seus irmãos, para sua mãe, para seu pai. Como castigo, Mizushi é trancada no submundo para sempre. Seu ódio e lamentos trouxeram à vida todas as criaturas das trevas conhecidas e desconhecidas. Os filhos de Mizushi começaram a causar o caos na terra e depois formaram um poderoso exército liderado pela própria Mizushi, de dentro do submundo. O exército dos dragões de Mizushi subiu à morada dos deuses, e uma dura batalha começou. Uma lendária batalha entre panteão e dragões. Muitos dos filhos de Mizushi foram exterminados. Alguns fugiram, alguns se renderam, poucos mudaram de lado, e três foram aprisionados junto com sua mãe: Ayenth, o primogênito, Loth e seu filho Pyth. Dizem que foi um ato de compaixão, outros falam que os três dragões eram muito poderosos e feriram os deuses o suficiente para que eles não pudessem persegui-los, ou que foi uma espécie de trégua. Os que fugiram se mantêm escondidos, esperando um novo chamado de sua mãe. Alguns poucos se comprometeram a proteger os deuses e suas criaturas. E assim os gigantes e dragões "desapareceram" da terra. Com a prisão de Mizushi o espírito da água ficou sem um tutor. Tristeza e solidão levaram o espírito abandonado a provocar o caos: muitas catástrofes, maremotos e tsunamis se seguiram. Para conter o espírito, Hikari elege sua filha mais nova:, Shirohime. Até então triste por não ter elementos em sua posse, apenas a música, agora sentiu a pura essência do medo, pois teria agora uma responsabilidade dupla. O medo a fez fugir e se esconder, enquanto o caos tomava forma e conta do mundo. Sua mãe após achá-la lotada de medo, indaga: "Ora, por que temer algo bom como a água? A água é poderosa, assim como qualquer outro elemento bem usado". Na verdade, o que ela temia era ser mais importante que o irmão, mas acaba entendendo o propósito daquilo antes que sua mãe a explique. "Meu irmão já possui o fogo, e meus pais, as enormes responsabilidades de criar e destruir. Então isso é algo que no momento apenas eu posso fazer...". Com essa mentalidade, Shirohime assume o controle das águas. Graças a esse pensamento a paz retorna ao mundo. Pequenas decisões podem realmente mudar tudo.  Após esses acontecidos, os deuses resolvem interferir o mínimo possível, e resumem-se a observar o mundo. Sem as presenças  dos deuses e dos gigantes, as quatro raças restantes começaram a reconstruir seus mundos dentro daquela esfera, daquele mundo. "
– Essa história vai até os dias atuais?
– A história é um resumo dos fatos mais importantes até a nossa situação atual da sacerdotisa. Contar os detalhes em sua totalidade até os nossos dias levaria um tempo maior do que o tempo gasto para a história ser feita.

–Entendo. Continue.
– “Os humanos se instalaram na costa leste, aproximadamente na metade do continente. Humanos nasceram frágeis (ainda nascem frágeis), mas dotados da capacidade de aprender e evoluir. É essa capacidade que os tornaram realmente humanos, e que os fez evoluir até o estado de hoje. Os anões se instalaram perto dos humanos, e os dois reinos acabaram se fundindo e formando o reino de Montris, e as duas línguas acabaram se misturando, formando a língua dos armeiros, falada por aqui. Um língua onde todos se entendiam. Os elfos diziam ser superiores em magia, inteligência e ciência [realmente eram na época, pois sempre foram os mais próximos dos gigantes], e se instalaram nas florestas do sul, depois tomaram para si a responsabilidade de proteger Yggdrasil, a árvore da vida, cujo cimo [dizem as lendas] toca e sustenta as moradas dos deuses, e cujas raízes são tão profundas que atingem o submundo. Dizem que a árvore protege todo aquele continente. Os orcs se julgaram mais fortes que as outras raças e foram se instalar na outra costa, perto da parte de cima, onde era frio. Lá desenvolveram sua arte da guerra e criaram um exército numeroso. Existem histórias interessantes sobre essas raças, que de certa forma se interligam.”
– O ancião contou essas histórias? O que ainda tens a me contar?
– O ancião deve ter contado muitas histórias e essa continua assim...

2.5- Guerra e calmaria, pacto e caos.


“Os orcs aumentaram seu exército... e a horda, como ficou conhecido o exército do mal, planejou expandir seu território, atacando os elfos. Estes, por sua vez, pediram ajuda aos humanos. "A raça inferior tem grande número e possibilidade de aprender magia e manejo de armas, serão de relativa utilidade." Assim os humanos começaram a servir o rei dos elfos. Já os anões, grandes comerciantes, não ficaram de nenhum lado, apenas negociaram. Com ambos, é claro (o que talvez lhes rendeu a fama de trapaceiros por muitos anos. A tal fama agora é de goblins e gnomos). Após anos de guerra, os anões ameaçados e acusados de traição se juntaram ao enorme exército de humanos e elfos, assim a aliança de humanos, elfos e anões venceu a horda... era a calmaria antes da tempestade."
– Ora, continue...o que foi a tempestade?
– Também se interessa por tempestades? Bem, espero que esteja lembrada sobre a promessa de proteção dos elfos.
“Havia uma ramificação de elfos, os elfos marrons (também eram chamados de elfos escuros, se não me falha a memória.). Ao contrário dos outros, eles viviam mais isolados, e eram discriminados. Não por serem necessariamente marrons ou diferentes, e sim por que a grande maioria se recusava a manter a promessa de proteger Yggdrasil, além de não aprovarem a aliança com humanos e anões. "Não fomos consultados em tais assuntos, então, nós, elfos excluídos, não manteremos promessas nem alianças que foram feitas por elfos da floresta". No meio da revolta, um mago humano vai encontrar-se com o rei dos elfos marrons: "Ó grande rei dos elfos, soube de sua situação, e venho oferecer-te algo de grande ajuda". A "ajuda" seria ensinar a antiga e proibida magia negra aos elfos marrons. A grande maioria aceita, alguns se escondem. Os elfos agora habilidosos em magia negra agora buscam aniquilar os elfos da floresta e os humanos. O mago maléfico também tinha outro objetivo: destruir Yggdrasil. Para isso, os magos elfos mais poderosos e o mago humano conjuravam uma poderosa magia que começara a apodrecer aos poucos a árvore antiga. Acreditavam eles que as raízes de Yggdrasil prendiam Mizushi, e o mago queria trazer a terra novamente o terror e o caos, libertando-a. Como a guerra civil dos elfos acabou por envolver um dos deuses, os outros não poderiam ficar parados. E com a benção divina, surgiram guerreiros usuários de poderes sagrados: assim apareceram os paladinos. "
– O ancião parava a historia na metade como você?
– Provavelmente, sim. Ele também era velho, afinal das contas.

2.6 – Eldonis, Keltur e a foice.


“Os paladinos vieram combater o mal e coube a um deles impedir que Yggdrasil fosse destruída: o mais poderoso paladino já visto, Eldonis. E o mago supera as expectativas de todos, pois materializa uma foice de um deus da morte, a lendária Foice de Tuurem. Usando ela e sua magia, invoca uma legião de mortos vivos: os Cavaleiros da morte. E o paladino, brilhando como uma estrela começa a atravessar a legião do mal. Existe até uma lendária piadinha (muito infame, por sinal) sobre o brilho dos paladinos... algo como "O paladino estava  totalmente imerso no mal, e brilhava como o sol... Seu fiel escudeiro lhe pergunta: "Sir, por que estás brilhando de tal forma?" e o paladino responde: “– Onde está presente o mal é necessária a presença de uma luz forte o suficiente para ofuscar as trevas. Espero que o inimigo não seja cego.” Mas, são informações relativamente inúteis, relevantes e fúteis. Para a salvação do reino de Montris, aparece uma ajuda inesperada. O paladino estava ocupado com o exército do mago portador da foice. O plano maligno estava de acordo com o esperado: as forças de oposição sobre controle enquanto os magos elfos escuros conjuravam a magia. "Onde esta a tal ajuda inesperada?" vocês devem estar se perguntando. Bem, ela não é tão pontual, mas quando tudo realmente parecia perdido e o paladino achava que não podia mais cumprir seu destino, ouve-se apenas um grito interrompido (e uma conjuração de magia também): o rei dos elfos escuros havia sido decapitado. Talvez nem mesmo ele esperasse algo como isso no pior de seus sonhos. Keltur, o general chefe dos orcs aparecera repentinamente e cortara fora a cabeça do rei com o seu machado duplo de guerra. Eldonis aproveita a abertura causada pelo choque e fere mortalmente o mago das trevas, porém o reflexo do mago era relativamente rápido, e a foice amaldiçoada também atinge o paladino. Parte da aristocracia élfica é tomada pelo desespero e foge floresta obscura adentro, outros morrem com orgulho, e os alienados ao bem indagam o orc: "Por que os orgulhosos orcs envolveram-se nisso?" e Keltur respondeu, enquanto limpava o sangue de seu machado: "Odiamos vocês, raças inferiores, não negaremos tal. Por isso mesmo não poderíamos deixar um elfo destruir o mundo inteiro e a eles mesmos por ambições idiotas. Nós mataremos vocês. Só viemos aqui por uma ordem direta do grande Kagutsuchi, grande senhor do fogo." No entanto, não era a única missão incumbida ao orc: a segunda era enviar o sinal para o início da invasão da horda. De alguma forma (quem sabe mais uma intervenção divina?) Eldonis prevê o plano, e rapidamente tira a foice de seu corpo, partindo pra cima com ela na intenção de destruir Keltur. A batalha daqueles dois guerreiros épicos foi a mais intensa já vista dentro da história dos habitantes daquele lugar. Talvez apenas os deuses consigam lutar com mais intensidade... Após uma ardilosa e grandiosa batalha, Eldonis consegue matar Keltur, por pouquíssimos detalhes. Um outro detalhe até agora não mencionado é que aquela foice era uma maldição que havia tomado conta do mago desconhecido e feito ele fazer o que fez. Um outro detalhe é que agora o paladino havia sido infectado pela mesma maldição ao ser ferido e segurar a mesma foice."
–Interessante... como se desenrolou a maldição?

2.7 – O nascimento do Darklord, os continentes, algo a respeito.


–"Eldonis sabia que o mal começara a tomar conta de seu corpo, e enquanto ainda tinha consciência de seus atos, faz uma longa travessia, indo para a parte mais gélida do continente, o norte. Tu me perguntas o porquê disso se atualmente a parte gelada se situa ao sul, correto? Simples: o sul é o norte. Sempre foi, sempre será. Eldonis planejava se autodestruir longe de todos, porém a demora na execução do plano foi a verdadeira causa de sua destruição: a Foice de Tuurem corrompeu Eldonis mais cedo do que ele esperava. A foice se tornara um machado de cabo longo, sua armadura se tornara negra como a escuridão, seus poderes agora eram inimagináveis, e seu nome passara a ser "Rag-Finnaros, the Darklord": ele virara um Cavaleiro da morte. Os planos de Rag-Finnaros eram mais ambiciosos e inteligentes que os do antigo portador da Foice de Tuurem: o mais poderoso dos Cavaleiros da morte planejava agora subjugar aos outros com seus poderes e virar o soberano total. Para tal, precisava de tempo, e prevendo a intervenção da aliança, resolve testar seus poderes com uma complicada magia, que resultou em seu isolamento: O Darklord divide assim o continente em três partes. Antartia, a porção norte, é agora território do Darklord. Montris, a porção à direita, dos humanos, dwarfs, elfos e night elfos (elfos noturnos).Kwarmore, a porção da esquerda, virou morada de orcs e elfos escuros."
– A aliança de humanos e anões fez algo a respeito disso?

2.8- O mago, o soldado e a raposa


–Ah, sim sim... A aliança fez algo a respeito... antes de contar o que, preciso contar quem. A história do mago, do soldado e da raposa.
–Então, pode começar.
– “Eldonis foi ajudado por eles na guerra contra os elfos escuros. Na época, eles eram como os três Lordes Imperiais, então merecem ser lembrados (não estou afirmando que outros não mereçam gratidão, mas prioridades antes de tudo).  O mago era o mago mais poderoso do reino, e ainda é exemplo para todos. Muitos dizem que seu nome é Merlin, porém seu verdadeiro nome era Stormael. Ele conseguiu atrasar sozinho a magia que apodrecia Yggdrasil, e depois foi quem a reverteu. O soldado se chamava Dielm Stirp, ele que criou o exército dos sorudiuns, e aprendeu sozinho todos os macetes em combinar armas e mana. O terceiro, diziam que era a perfeição em forma de aprendiz. Além de manipular duas espadas e os raios, ele também controlava livremente uma transformação em uma raposa enorme de nove caudas. Poderia facilmente virar a tal raposa mística ou invocá-la para lutar a seu lado. Este era Kitsuyoshi. Kitsuyoshi, o aprendiz raposa. Estes eram o mago, o soldado e a raposa. Os elfos estavam debilitados com a guerra civil, e reconstruindo e reforçando a proteção de Yggdrasil. Mesmo com  força total, a decisão seria a mesma: mandar o trio com a missão de selar o Darklord. Você deve estar se perguntando: “por que selar?”Seria mais prudente destruí-lo de vez em vez de apenas selar seu corpo, seu espírito ou seus poderes. O problema que o trio enfrentou era o fato de que Rag-Finnaros era virtualmente invencível: habilidoso em magias, artes proibidas, combate. A única alternativa que o trio teve foi fechar seus corações, cria uma barreira mística em volta de si e rumar para o norte, mais exatamente Antartia, o domínio do ex-paladino Eldonis. Mesmo com a união do time de selamento, divergências surgiram na questão "como ir até ele". Cada um resolveu ir a sua maneira: o mago se teleporta diretamente ao local  combinado e resolve esperar os outros dois, que iriam disputar uma corrida até o local. Kitsuyoshi vai usando sua forma de raposa, enquanto Dielm vai montado em seu veículo estranho onde guardava suas espadas.
Rapidamente os dois chegam ao destino, e o mago dá o veredito:
"Empatados, e atrasados. Poderíamos estar terminando se minhas sugestões fossem seguidas... espero eu que as escutem essa vez, pode ser a última. Eldonis criou uma barreira em volta do continente, e está em algum lugar dele congelado. Vocês poderiam romper brutalmente a barreira, com certa facilidade diria eu. Porém, não temos noção do poder dele, perder o elemento surpresa poderia causa uma falha completa na nossa missão. Agora, escutem e mantenham nossa sincronia, assim a estratégia será executada  com perfeição. Vamos burlar a barreira em vez de destruí-la. Abrirei um portal para lá, e um dos dois ou qualquer um entra, usando uma armadura de mana. De preferência a raposa, que é habituado a fazer invocações. Habilidoso como é em invocar inúmeras raposas, dois meros humanos não deve ser nada de mais. Os três lá dentro, procuramos e executamos o plano de selar a o Cavaleiro negro." Eles não sabiam o motivo do sono de Rag-Finnaros, por isso não arriscaram na possibilidade de ser um sono eterno. O trio acorda Rag-Finnaros, e se a batalha entre Eldonis e Keltur foi a melhor um contra um da história, a batalha do trio de selamento contra Rag-Finnaros mostrou o melhor trio em trabalho de equipe e poder. Há um erro na história original. Nela, enquanto as sacerdotisas oravam aos deuses pelo sucesso da missão, o mago e o soldado procuravam criar uma abertura para a raposa executar o selamento. A oração foi verdadeira, e graças a ela os deuses viram a situação crítica em que trio se encontrava. O trio criou a abertura para o selamento divino. Rag-Finnaros foi posto junto de Mizushi. Essa notícia foi recebida pelas sacerdotisas, essa lenda, contada por muitos. “A verdade se perdeu, assim como nunca mais foram vistos o mago, o soldado e o aprendiz.”
– A história finalmente acabou... É, gostei...
– Correto dessa vez... Porém preciso contar mais uma. Uma ultima lenda esquecida com o tempo...

2.9 – A lenda esquecida


“A paz voltou ao mundo, e assim como tudo que é passado, esta lenda também foi esquecida. Diziam as histórias que quatro raças foram criadas. Diriam os deuses “que criaturas equivocadas!”“. Na verdade foram cinco. Todos os deuses teriam se juntado e criado a "perfeição", e se cada raça representava um elemento, esta seria o quinto elemento... Pois controlava algo a mais: os raios e os ventos, as luzes e as trevas, que eram os espíritos que ainda guardavam mais energia, por não terem sido usados.  Os deuses temeram que uma criatura tão esbelta e poderosa se revoltasse contra eles, assim como os gigantes o fizeram. Por causa do medo dos deuses eles foram isolados em um lugar desconhecido, e foram chamados de os Duraenai, que significa rejeitado na língua dos deuses. Dizem também que um Duraenai poderoso ajudou a selar um grande mal conhecido por Rag-Finnaros. Outra história é de que eles andam disfarçados entre os humanos, avaliando a sociedade deles. Também não se sabe ao certo sua aparência. Consideramos o fato de que a "perfeição" ganhou um pouco de cada elemento, então talvez tenha um pouco de cada raça ou algo que represente cada elemento. Não se sabe ao certo o que são e para que vieram. Não sabemos o que exatamente eram, mas graças a eles a tempestade de caos que assolava o mundo se foi. Pobres humanos... Não distinguem as coisas "certas" dos mitos, e se perdem facilmente. Outra coisa que deve ser ressaltada: diz a história que o poder especial deles era justamente poder ter todos os poderes, a capacidade de aprender uma ampla quantidade de magias. Talvez por isso eles tenham sido isolados. O poder pode trazer a paz e a destruição, a alegria e a solidão, muitas, ou não, pode não trazer nada. Tudo depende de como o portador do poder o usa. Por terem confiado nos gigantes e terem sido traídos por seu coração que outrora fora bondoso, os deuses perderam a confiança em toda e qualquer criatura. Esse foi o único motivo pelo qual os Duraenai ganharam um nome com tal significado. Esse nome era o nome dado a eles pelos deuses, que tinham medo de usar até o nome que eles usavam para se referir a si próprios. Poucos viram, poucos Duraenai revelaram sua identidade, porém eles não tentaram se revoltar; continuaram gentis, e há séculos não se vê uma dessas injustiçadas criaturas. “Essa é a historia dos esquecidos e injustiçados excluídos, os Duraenai.”
– Pobres criaturas... Entendo em parte a dor deles. – Comentou aquele aprendiz após escutar tudo aquilo.
– É, deve ser horrível... – responde a sacerdotisa, agora fitando o aprendiz que mal tirava os olhos dela para olhar as ilustrações da maga.
– O que o ancião fez após contar a história?
– Sumiu sem que percebêssemos, e a fogueira se apagou.
– Interessante... Por que ainda não anoiteceu?
– Aqui não existem dias e noites definidas... Apenas existe o tempo púrpuro, onde tudo pode acontecer. "Nome estranho" é o que tu me dirias... Bem, penso eu ser "púrpura" porque vermelho seria muito quente e azul muito frio. Talvez devido a tudo puder acontecer que tenhamos as "quatro estações" dentro do reino.
– Entendo. Sabe... Achei estranho o final da história...
– E o que vais fazer em relação a isso?
– Modificar... Estamos em evolução contínua.
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