Esse capítulo é a mitologia de Montris. Ela estava lá pra frente, aí puxei pro começo do livro quando criei o personagem do velho. Espero que vocês apreciem!
– Há um longo tempo atrás... Uma
poderosa sacerdotisa ouviu essa lenda de um ancião encapuzado.
– Assim como você? - Pergunta a
garota.
– Talvez... Ninguém presenciou o
momento... Certo tempo depois, ela estava com o aprendiz em seu colo, algo como
a fogueira lhe mostrou... E ela resolve contar-lhe a antiga lenda. Então, estão
lá ela, o aprendiz, e uma terceira pessoa... Uma conselheira que apenas observava
e ajudava a ilustrar as coisas... Como a nossa fogueira. Ela começa assim:
“–
Lembra da história? – Diz a sacerdotisa
–Que
história, aquela cheia de coisas místicas?
–Exato...
Posso te contar... Ou melhor, dizendo, vou contar agora... É o momento propício
–Conte
então... – Responde o aprendiz
–Para
realmente entender o agora, às vezes é necessário rever o que se passou, assim
voltamos o pêndulo e revemos algo talvez nunca visto. –Diz a voz da conselheira
do aprendiz, invisível desde o princípio, observando os dois.
–Então,
vamos à história. – Repete o aprendiz
–Ok, here we go. If you turn back the pendullum,
you'll discover new hide things. (Tudo bem, Se você voltar o pêndulo, descobrirá
novas coisas ocultas. Ou algo do tipo foi o que ela disse.) – Diz a sacerdotisa.”
O
ancião adiciona um comentário a mais após isso.
–Talvez
o aprendiz não tivesse entendido as palavras, mas soube o significado de cada
uma delas pela expressão da meiga sacerdotisa. Dizem que 60% de tudo que
fazemos é entendido por gestos corporais, 30% é do tom de nossa voz, 10% o que
falamos. Não há princípios básicos para isso, mas quem sabe se podemos fazê-lo vendo
a história da história?Certo, aqui vamos nós. Se você voltar o pêndulo, irá
descobrir novas coisas ocultas... Ou algo assim. Entende? – Pergunta o senhor à
garota
– Entendo...
Como ela continuou?
– De
uma forma muito elegante. A conselheira começou a fazer as “ilustrações”
através de magia, enquanto a sacerdotisa falava:
“Há incontáveis
anos atrás, existia apenas um ser. Este ser dotado de onipotência, onisciência
e onipresença é algo tão poderoso que apenas sabemos de sua existência.
Nenhum mortal, semideus ou titã sabe mais do que isso. Ele criou várias
dessas... "esferas" (dizia referindo-se às “ilustrações” que a
conselheira fazia. Havia lá várias esferas, assim como a fogueira mostra.), e
quis ver o desenvolvimento de cada uma. E uma em particular lhe prendeu a
atenção, pois nela duas entidades começaram a tomar consciência. E entre elas
haviam som, palavra, cor, harmonia, ainda despercebida, mas pairando entre
eles, unindo-os em uma partitura de um destino inevitável e invisível. E houve
entre eles uma música. E suas notas foram as mais poderosas e harmônicas de
todas as notas, e suas palavras constituíram o mais colossal e épico poema já
criado. E qualquer melodia ou palavra vinda depois dessa grande música é nada
mais que mero eco da própria primeira grande canção. O criador das esferas
resolveu observar o que iriam fazer dessas notas e palavras de poder. Uma delas
parecia a personificação da própria luz, e se chamava Hikari. O outro, profundo
e assustador como as próprias trevas, se chamava Yamith. Yamith e Hikari ouviram
com a alma o poema-canção do destino inevitável, coabitaram, e tiveram três
filhos. O mais velho se chamava Kagutsuchi,
tomou para si o domínio da magia do fogo. A filha do meio se chamava Mizushi ,e
ganhou o domínio sobre as águas. À filha mais nova, Shirohime, não restou
nenhum elemento a dominar, então ela dedicou o tempo, a magia e a inspiração
divina à música"
–Só existiam dois espíritos? Isso não deveria funcionar como os quatro
elementos, água, terra, fogo e ar? – Pergunta a garota
–Cale-se, criança insolente, e deixe que uma história ouvida por uma de um
ancião encapuzado seja contada.
– É assim que um velho encapuzado me pede sua
atenção? Já não basta tudo o que está acontecendo e ainda tenho que ouvir
impropérios de um desconhecido? O ancião se retém em alguns momentos de
silêncio, e após um leve suspiro responde.
– É
uma boa colocação. Não foi uma forma adequada de pedir o seu foco em minhas palavras:
porém também não foi adequado parar repentinamente uma história tão antiga e mágica,
então mais uma vez os humanos erraram. Como você acha que devemos nos redimir?
– Depois de escutar aquilo não estou a fim de
interromper de novo e escutar algo daquele tipo novamente. Acho que devemos
esquecer isso, e continuar a história. Muitas vezes quando não conseguimos
reparar os erros, tentamos não errar mais. Acho que devíamos fazer isso.
–
Ótima resposta! Vejo que você tem uma boa mentalidade no fim das contas. Onde paramos...
Ah, aqui! Continuando:
“Apenas sobrou a música e poesia para Shirohime, a
deusa dos elfos. A mãe terra, já havia sido dominada por Hikari, e essa era a
base da criação e sustento dos seres ali viventes. Até hoje o é. Os ventos
gélidos do norte haviam sido dominados por Yamith. A brisa pode ser agradável,
mas nada mais destrutivo que uma tempestade para ser usado por ele (a não ser a
sua arma). Após criar a terra, montanhas, florestas e muitas outras coisas
através da mãe terra, Hikari ainda sentia falta de algo naquele lugar. Ela resolve
criar mais uma forma de vida, dessa vez "à semelhança dos deuses". E
assim nascem os gigantes, criados para povoar e tomar conta da esfera. Os
gigantes eram grandes, conforme o nome sugestivo, mas a sua grandeza não era apenas
o tamanho: eram fortes, habilidosos, justos e bons de coração. Logo construíram
uma forte, sólida e evoluída sociedade, graças ao domínio da magia, que eras
depois teve sua essência distorcida, e seu nome talvez passe a ser conhecido
como ciência."
–Os únicos seres "humanóides" da história
são os gigantes? O decorrer disso é uma chatice e isso é o "fim"?
Essa é a grande história?– Indaga novamente a garota.
– Seu
julgamento precipitado é a causa de sua derrota, e sua afobação ainda a levará
a um "encontro de negócios" com a morte. Sabe, dizem por aí que é
preciso dois anos para um humano aprender a falar algo com relativa fluência, e
60 para aprender a ficar calado. Então, jovem precipitadamente insolente, peço
que se cale mais uma vez, escute a história. Prove ser a exceção dessa regra. –
Comenta o ancião.
– Estamos
progredindo um pouco, dessa vez você pediu em vez de ordenar. Continue melhorando
e me dando informações importantes sobre a fisiologia dos humanos.
– Você
também está melhorando, respondeu ironicamente em vez de reclamar. Talvez você
não vire alguém como eu quando estiver no fim de seus dias. Talvez.
Após outro
suspiro que faz um som estranho e talvez disfarce algum incômodo em sua
garganta, o velho resolve abrir seu livro e continuar.
“Hikari
não quis deixar os gigantes sozinhos, então fez da terra e da luz várias outras
criaturas (quem sabe algumas não existem até hoje?) e pediu a colaboração de
seus filhos para povoar a esfera, e assim também iria medir a habilidade de
seus filhos. Kagutsuchi usou o poderoso fogo, e com ele criou os orcs. Os orcs
eram fortes, mas não mais fortes que os gigantes. Talvez questão de que o fogo
não era mais poderoso que a luz. Mizushi tomou as águas, e com elas criou os
elfos. E os elfos eram habilidosos em magia, mas não tão bons quanto os
gigantes, provando assim, que a água também não era mais forte que a luz.
Shirohime, como não detinha espírito nenhum, ensinou a todos o dom da música.
Diante da criação de seus filhos, ódio e o ciúme tomaram conta de Yamith,
queria ele não ter o dom de apenas julgar, destruir e aniquilar. Queria criar. Sendo
assim, ele dialogou com Hikari, e a negativa iminente veio no formato: "Mantenhamos
os nossos trabalhos de criação e destruição. “São as nossas missões, missões
dadas pelo criador de tudo.”. É dessa maneira que a saga continua, e ele pede
ao seu filho que o deixe usar o fogo, e este recusa veementemente: "Nossa
mãe não nos permite, e o seu destino resume-se a destruir”. Como Shirohime não
possuía espírito algum, sobra a ele recorrer ao poder de persuasão que tem
sobre Mizushi. A filha reluta, depois resolve atender ao pedido, e entrega a
ele a água, já usada e pútrida. Yamith toma a água usada em suas mãos, rouba um
pouco do que sobrou de cada elemento e com isto cria os humanos. Os humanos
nasceram frágeis, e sem habilidades. Não eram fortes como os orcs, não eram
habilidosos em magia como os elfos. Os humanos foram então fadados a escravidão.
"Humanos inúteis, servirão apenas para serem nossos escravos, seres inferiores.
Não que estejamos esperando que cumpram essa tarefa como se deve." O
criador dos humanos foi tomado por uma intensa fúria, primeiramente, por ter
criado uma raça tão desprezível e inútil como aquela, e depois por ver que ela
seria subjugada às outras. Como pôde ele, mais poderoso que seus filhos ter
criado algo que não nascera com nenhum dom? Na verdade, ele não percebera que
também tinha o poder de criar. Porém, até a sua criação era voltada para o ato
de destruir. Da sua fúria por ter dado vida as chamadas “coisas desprezíveis”
surgiram os titãs, que eram seres elementais gigantescos. Seres que começaram a
destruir tudo. Os gigantes travaram muitas batalhas com os titãs, mas somente
com a ajuda dos deuses conseguiram obter vitórias expressivas sobre aqueles
seres de destruição massiva. E agora lhe conto mais um dos incontáveis
paradoxos existentes nesse universo. Como sempre existem exceções, existia algo
bom no grande mal representado pelos titãs: alguns poucos eram bons, ou
tornaram-se assim com o tempo. E um titã da terra estava entre eles... se
chamava Gaiatos. Nos domínios desse titã, debaixo de seus pés e seus cuidados,
nascia uma nova raça: os anões. Os anões eram inteligentes, e usaram o subsolo
como fonte de sustento, sendo acolhidos depois pelos gigantes e os ajudando em
construções, invenções e metalurgia. "
–Uau... A história é maior do que pensei... – Comenta a garota.
– A historia é algo em crescimento contínuo... Vamos recapitular para o melhor
entendimento caso você não tenha entendido bem. Um ser superior de mais para
ser definido ou nomeado criou tudo, Yamith e Hikari deram origem aos três
deuses, Hikari aos Gigantes, os deuses menores aos Orcs e Elfos, Yamith aos
Humanos e Titãs, e do domínio dos Titãs surgiram os Anões. Tudo bem até aqui?
– Sim, eu acho. Continue
“Os anos se passaram, e os gigantes
se fortaleciam. Viviam por tanto tempo que até pareciam ser imortais... essa
mentalidade acabou fechando seus corações. “Somos fortes, habilidosos e
praticamente imortais. Porque temos de nos submeter aos deuses? Eles não têm o
direito de estar em um suntuoso palácio nas alturas!”“. Essa, com a mais absoluta
certeza, foi a maior tolice que a sagaz mente dos gigantes poderia pensar. Os
gigantes declararam guerra aos deuses, e começaram a ser dizimados por Yamith. Hikari
teve compaixão de suas criaturas, e impediu a perseguição de Yamith.
"Apesar de terem cometido o pecado de saírem do devido lugar, são nossos filhos...
deixe-os viver." Yamith atendeu ao pedido, já que não podia superar Hikari(ambos
era do mesmo nível) e a deusa escondeu os gigantes que sobreviveram em um lugar
onde o deus da destruição não os alcançou. A grande perda de todos os gigantes
ensinou-os que mesmo que algo cresça, chega a um determinado limite, onde para
de crescer. Aliás, não só a eles, isto serviu de exemplo para as outras raças.
A única a não apoiar a atitude foi Mizushi. Enciumada com o carinho demasiado
pelas criaturas, Mizushi se revolta, escondendo-se no submundo.
De alguma maneira, Mizushi havia
conseguido atrair e seduzir seu pai antes de esconder-se, e de Yamith e Mizushi
nasceram os filhos do ódio, os poderosos e orgulhosos dragões. Atitude
reprovável para os seus irmãos, para sua mãe, para seu pai. Como castigo, Mizushi
é trancada no submundo para sempre. Seu ódio e lamentos trouxeram à vida todas
as criaturas das trevas conhecidas e desconhecidas. Os filhos de Mizushi
começaram a causar o caos na terra e depois formaram um poderoso exército
liderado pela própria Mizushi, de dentro do submundo. O exército dos dragões de
Mizushi subiu à morada dos deuses, e uma dura batalha começou. Uma lendária
batalha entre panteão e dragões. Muitos dos filhos de Mizushi foram exterminados.
Alguns fugiram, alguns se renderam, poucos mudaram de lado, e três foram
aprisionados junto com sua mãe: Ayenth, o primogênito, Loth e seu filho Pyth.
Dizem que foi um ato de compaixão, outros falam que os três dragões eram muito
poderosos e feriram os deuses o suficiente para que eles não pudessem
persegui-los, ou que foi uma espécie de trégua. Os que fugiram se mantêm
escondidos, esperando um novo chamado de sua mãe. Alguns poucos se comprometeram
a proteger os deuses e suas criaturas. E assim os gigantes e dragões "desapareceram"
da terra. Com a prisão de Mizushi o espírito da água ficou sem um tutor.
Tristeza e solidão levaram o espírito abandonado a provocar o caos: muitas
catástrofes, maremotos e tsunamis se seguiram. Para conter o espírito, Hikari
elege sua filha mais nova:, Shirohime. Até então triste por não ter elementos
em sua posse, apenas a música, agora sentiu a pura essência do medo, pois teria
agora uma responsabilidade dupla. O medo a fez fugir e se esconder, enquanto o
caos tomava forma e conta do mundo. Sua mãe após achá-la lotada de medo,
indaga: "Ora, por que temer algo bom como a água? A água é poderosa, assim
como qualquer outro elemento bem usado". Na verdade, o que ela temia era
ser mais importante que o irmão, mas acaba entendendo o propósito daquilo antes
que sua mãe a explique. "Meu irmão já possui o fogo, e meus pais, as enormes
responsabilidades de criar e destruir. Então isso é algo que no momento apenas
eu posso fazer...". Com essa mentalidade, Shirohime assume o controle das
águas. Graças a esse pensamento a paz retorna ao mundo. Pequenas decisões podem
realmente mudar tudo. Após esses acontecidos,
os deuses resolvem interferir o mínimo possível, e resumem-se a observar o
mundo. Sem as presenças dos deuses e dos gigantes, as quatro raças
restantes começaram a reconstruir seus mundos dentro daquela esfera, daquele mundo.
"
– Essa história vai até os dias
atuais?
– A história é um resumo dos
fatos mais importantes até a nossa situação atual da sacerdotisa. Contar os detalhes
em sua totalidade até os nossos dias levaria um tempo maior do que o tempo gasto
para a história ser feita.
–Entendo. Continue.
– “Os
humanos se instalaram na costa leste, aproximadamente na metade do continente.
Humanos nasceram frágeis (ainda nascem frágeis), mas dotados da capacidade de
aprender e evoluir. É essa capacidade que os tornaram realmente humanos, e que
os fez evoluir até o estado de hoje. Os anões se instalaram perto dos humanos,
e os dois reinos acabaram se fundindo e formando o reino de Montris, e as duas
línguas acabaram se misturando, formando a língua dos armeiros, falada por
aqui. Um língua onde todos se entendiam. Os elfos diziam ser superiores em
magia, inteligência e ciência [realmente eram na época, pois sempre foram os
mais próximos dos gigantes], e se instalaram nas florestas do sul, depois
tomaram para si a responsabilidade de proteger Yggdrasil, a árvore da vida,
cujo cimo [dizem as lendas] toca e sustenta as moradas dos deuses, e cujas
raízes são tão profundas que atingem o submundo. Dizem que a árvore protege
todo aquele continente. Os orcs se julgaram mais fortes que as outras raças e
foram se instalar na outra costa, perto da parte de cima, onde era frio. Lá
desenvolveram sua arte da guerra e criaram um exército numeroso. Existem
histórias interessantes sobre essas raças, que de certa forma se interligam.”
– O ancião contou essas histórias? O que ainda tens a me contar?
– O ancião deve ter contado muitas histórias e essa continua assim...
“Os
orcs aumentaram seu exército... e a horda, como ficou conhecido o exército do
mal, planejou expandir seu território, atacando os elfos. Estes, por sua vez,
pediram ajuda aos humanos. "A raça inferior tem grande número e
possibilidade de aprender magia e manejo de armas, serão de relativa utilidade."
Assim os humanos começaram a servir o rei dos elfos. Já os anões, grandes
comerciantes, não ficaram de nenhum lado, apenas negociaram. Com ambos, é claro
(o que talvez lhes rendeu a fama de trapaceiros por muitos anos. A tal fama
agora é de goblins e gnomos). Após anos de guerra, os anões ameaçados e
acusados de traição se juntaram ao enorme exército de humanos e elfos, assim a
aliança de humanos, elfos e anões venceu a horda... era a calmaria antes da
tempestade."
– Ora, continue...o que foi a tempestade?
– Também se interessa por tempestades? Bem, espero que esteja lembrada sobre a
promessa de proteção dos elfos.
“Havia
uma ramificação de elfos, os elfos marrons (também eram chamados de elfos escuros,
se não me falha a memória.). Ao contrário dos outros, eles viviam mais
isolados, e eram discriminados. Não por serem necessariamente marrons ou
diferentes, e sim por que a grande maioria se recusava a manter a promessa de
proteger Yggdrasil, além de não aprovarem a aliança com humanos e anões.
"Não fomos consultados em tais assuntos, então, nós, elfos excluídos, não
manteremos promessas nem alianças que foram feitas por elfos da floresta".
No meio da revolta, um mago humano vai encontrar-se com o rei dos elfos
marrons: "Ó grande rei dos elfos, soube de sua situação, e venho
oferecer-te algo de grande ajuda". A "ajuda" seria ensinar a antiga
e proibida magia negra aos elfos marrons. A grande maioria aceita, alguns se
escondem. Os elfos agora habilidosos em magia negra agora buscam aniquilar os
elfos da floresta e os humanos. O mago maléfico também tinha outro objetivo:
destruir Yggdrasil. Para isso, os magos elfos mais poderosos e o mago humano
conjuravam uma poderosa magia que começara a apodrecer aos poucos a árvore
antiga. Acreditavam eles que as raízes de Yggdrasil prendiam Mizushi, e o mago
queria trazer a terra novamente o terror e o caos, libertando-a. Como a guerra
civil dos elfos acabou por envolver um dos deuses, os outros não poderiam ficar
parados. E com a benção divina, surgiram guerreiros usuários de poderes
sagrados: assim apareceram os paladinos. "
– O ancião parava a historia na metade como você?
– Provavelmente, sim. Ele também era velho, afinal das contas.
“Os
paladinos vieram combater o mal e coube a um deles impedir que Yggdrasil fosse destruída:
o mais poderoso paladino já visto, Eldonis. E o mago supera as expectativas de
todos, pois materializa uma foice de um deus da morte, a lendária Foice de Tuurem.
Usando ela e sua magia, invoca uma legião de mortos vivos: os Cavaleiros da morte.
E o paladino, brilhando como uma estrela começa a atravessar a legião do mal.
Existe até uma lendária piadinha (muito infame, por sinal) sobre o brilho dos paladinos...
algo como "O paladino estava totalmente imerso no mal, e brilhava como
o sol... Seu fiel escudeiro lhe pergunta: "Sir, por que estás brilhando de
tal forma?" e o paladino responde: “– Onde está presente o mal é
necessária a presença de uma luz forte o suficiente para ofuscar as trevas.
Espero que o inimigo não seja cego.” Mas, são informações relativamente
inúteis, relevantes e fúteis. Para a salvação do reino de Montris, aparece uma
ajuda inesperada. O paladino estava ocupado com o exército do mago portador da
foice. O plano maligno estava de acordo com o esperado: as forças de oposição
sobre controle enquanto os magos elfos escuros conjuravam a magia. "Onde
esta a tal ajuda inesperada?" vocês devem estar se perguntando. Bem, ela
não é tão pontual, mas quando tudo realmente parecia perdido e o paladino achava
que não podia mais cumprir seu destino, ouve-se apenas um grito interrompido (e
uma conjuração de magia também): o rei dos elfos escuros havia sido decapitado.
Talvez nem mesmo ele esperasse algo como isso no pior de seus sonhos. Keltur, o
general chefe dos orcs aparecera repentinamente e cortara fora a cabeça do rei
com o seu machado duplo de guerra. Eldonis aproveita a abertura causada pelo
choque e fere mortalmente o mago das trevas, porém o reflexo do mago era
relativamente rápido, e a foice amaldiçoada também atinge o paladino. Parte da
aristocracia élfica é tomada pelo desespero e foge floresta obscura adentro,
outros morrem com orgulho, e os alienados ao bem indagam o orc: "Por que
os orgulhosos orcs envolveram-se nisso?" e Keltur respondeu, enquanto
limpava o sangue de seu machado: "Odiamos vocês, raças inferiores, não
negaremos tal. Por isso mesmo não poderíamos deixar um elfo destruir o mundo
inteiro e a eles mesmos por ambições idiotas. Nós mataremos vocês. Só viemos
aqui por uma ordem direta do grande Kagutsuchi, grande senhor do fogo." No
entanto, não era a única missão incumbida ao orc: a segunda era enviar o sinal
para o início da invasão da horda. De alguma forma (quem sabe mais uma
intervenção divina?) Eldonis prevê o plano, e rapidamente tira a foice de seu
corpo, partindo pra cima com ela na intenção de destruir Keltur. A batalha
daqueles dois guerreiros épicos foi a mais intensa já vista dentro da história
dos habitantes daquele lugar. Talvez apenas os deuses consigam lutar com mais intensidade...
Após uma ardilosa e grandiosa batalha, Eldonis consegue matar Keltur, por
pouquíssimos detalhes. Um outro detalhe até agora não mencionado é que aquela
foice era uma maldição que havia tomado conta do mago desconhecido e feito ele
fazer o que fez. Um outro detalhe é que agora o paladino havia sido infectado
pela mesma maldição ao ser ferido e segurar a mesma foice."
–Interessante... como se desenrolou a maldição?
–"Eldonis sabia que o mal
começara a tomar conta de seu corpo, e enquanto ainda tinha consciência de seus
atos, faz uma longa travessia, indo para a parte mais gélida do continente, o
norte. Tu me perguntas o porquê disso se atualmente a parte gelada se situa ao
sul, correto? Simples: o sul é o norte. Sempre foi, sempre será. Eldonis
planejava se autodestruir longe de todos, porém a demora na execução do plano
foi a verdadeira causa de sua destruição: a Foice de Tuurem corrompeu Eldonis
mais cedo do que ele esperava. A foice se tornara um machado de cabo longo, sua
armadura se tornara negra como a escuridão, seus poderes agora eram inimagináveis,
e seu nome passara a ser "Rag-Finnaros, the Darklord": ele virara um Cavaleiro
da morte. Os planos de Rag-Finnaros eram mais ambiciosos e inteligentes que os
do antigo portador da Foice de Tuurem: o mais poderoso dos Cavaleiros da morte
planejava agora subjugar aos outros com seus poderes e virar o soberano total.
Para tal, precisava de tempo, e prevendo a intervenção da aliança, resolve testar
seus poderes com uma complicada magia, que resultou em seu isolamento: O Darklord
divide assim o continente em três partes. Antartia, a porção norte, é agora
território do Darklord. Montris, a porção à direita, dos humanos, dwarfs, elfos
e night elfos (elfos noturnos).Kwarmore, a porção da esquerda, virou morada de
orcs e elfos escuros."
– A aliança de humanos e anões
fez algo a respeito disso?
–Ah, sim sim... A aliança fez
algo a respeito... antes de contar o que, preciso contar quem. A história do
mago, do soldado e da raposa.
–Então, pode começar.
– “Eldonis foi ajudado por eles
na guerra contra os elfos escuros. Na época, eles eram como os três Lordes Imperiais,
então merecem ser lembrados (não estou afirmando que outros não mereçam
gratidão, mas prioridades antes de tudo). O mago era o mago mais poderoso
do reino, e ainda é exemplo para todos. Muitos dizem que seu nome é Merlin,
porém seu verdadeiro nome era Stormael. Ele conseguiu atrasar sozinho a magia
que apodrecia Yggdrasil, e depois foi quem a reverteu. O soldado se chamava
Dielm Stirp, ele que criou o exército dos sorudiuns, e aprendeu sozinho todos
os macetes em combinar armas e mana. O terceiro, diziam que era a perfeição em
forma de aprendiz. Além de manipular duas espadas e os raios, ele também controlava
livremente uma transformação em uma raposa enorme de nove caudas. Poderia facilmente
virar a tal raposa mística ou invocá-la para lutar a seu lado. Este era
Kitsuyoshi. Kitsuyoshi, o aprendiz raposa. Estes eram o mago, o soldado e a
raposa. Os elfos estavam debilitados com a guerra civil, e reconstruindo e reforçando
a proteção de Yggdrasil. Mesmo com força total, a decisão seria a mesma:
mandar o trio com a missão de selar o Darklord. Você deve estar se perguntando:
“por que selar?”Seria mais prudente destruí-lo de vez em vez de apenas selar
seu corpo, seu espírito ou seus poderes. O problema que o trio enfrentou era o
fato de que Rag-Finnaros era virtualmente invencível: habilidoso em magias,
artes proibidas, combate. A única alternativa que o trio teve foi fechar seus
corações, cria uma barreira mística em volta de si e rumar para o norte, mais
exatamente Antartia, o domínio do ex-paladino Eldonis. Mesmo com a união do
time de selamento, divergências surgiram na questão "como ir até
ele". Cada um resolveu ir a sua maneira: o mago se teleporta diretamente
ao local combinado e resolve esperar os outros dois, que iriam disputar
uma corrida até o local. Kitsuyoshi vai usando sua forma de raposa, enquanto
Dielm vai montado em seu veículo estranho onde guardava suas espadas.
Rapidamente os dois chegam ao destino,
e o mago dá o veredito:
"Empatados, e atrasados.
Poderíamos estar terminando se minhas sugestões fossem seguidas... espero eu
que as escutem essa vez, pode ser a última. Eldonis criou uma barreira em volta
do continente, e está em algum lugar dele congelado. Vocês poderiam romper
brutalmente a barreira, com certa facilidade diria eu. Porém, não temos noção
do poder dele, perder o elemento surpresa poderia causa uma falha completa na
nossa missão. Agora, escutem e mantenham nossa sincronia, assim a estratégia
será executada com perfeição. Vamos burlar a barreira em vez de
destruí-la. Abrirei um portal para lá, e um dos dois ou qualquer um entra,
usando uma armadura de mana. De preferência a raposa, que é habituado a fazer
invocações. Habilidoso como é em invocar inúmeras raposas, dois meros humanos não
deve ser nada de mais. Os três lá dentro, procuramos e executamos o plano de
selar a o Cavaleiro negro." Eles não sabiam o motivo do sono de Rag-Finnaros,
por isso não arriscaram na possibilidade de ser um sono eterno. O trio acorda Rag-Finnaros,
e se a batalha entre Eldonis e Keltur foi a melhor um contra um da história, a
batalha do trio de selamento contra Rag-Finnaros mostrou o melhor trio em
trabalho de equipe e poder. Há um erro na história original. Nela, enquanto as
sacerdotisas oravam aos deuses pelo sucesso da missão, o mago e o soldado
procuravam criar uma abertura para a raposa executar o selamento. A oração foi
verdadeira, e graças a ela os deuses viram a situação crítica em que trio se
encontrava. O trio criou a abertura para o selamento divino. Rag-Finnaros foi
posto junto de Mizushi. Essa notícia foi recebida pelas sacerdotisas, essa
lenda, contada por muitos. “A verdade se perdeu, assim como nunca mais foram
vistos o mago, o soldado e o aprendiz.”
– A história finalmente acabou...
É, gostei...
– Correto dessa vez... Porém
preciso contar mais uma. Uma ultima lenda esquecida com o tempo...
“A paz voltou ao mundo, e assim
como tudo que é passado, esta lenda também foi esquecida. Diziam as histórias
que quatro raças foram criadas. Diriam os deuses “que criaturas equivocadas!”“.
Na verdade foram cinco. Todos os deuses teriam se juntado e criado a
"perfeição", e se cada raça representava um elemento, esta seria o
quinto elemento... Pois controlava algo a mais: os raios e os ventos, as luzes
e as trevas, que eram os espíritos que ainda guardavam mais energia, por não
terem sido usados. Os deuses temeram que
uma criatura tão esbelta e poderosa se revoltasse contra eles, assim como os
gigantes o fizeram. Por causa do medo dos deuses eles foram isolados em um
lugar desconhecido, e foram chamados de os Duraenai, que significa rejeitado na
língua dos deuses. Dizem também que um Duraenai poderoso ajudou a selar um
grande mal conhecido por Rag-Finnaros. Outra história é de que eles andam
disfarçados entre os humanos, avaliando a sociedade deles. Também não se sabe
ao certo sua aparência. Consideramos o fato de que a "perfeição"
ganhou um pouco de cada elemento, então talvez tenha um pouco de cada raça ou
algo que represente cada elemento. Não se sabe ao certo o que são e para que
vieram. Não sabemos o que exatamente eram, mas graças a eles a tempestade de
caos que assolava o mundo se foi. Pobres humanos... Não distinguem as coisas
"certas" dos mitos, e se perdem facilmente. Outra coisa que deve ser
ressaltada: diz a história que o poder especial deles era justamente poder ter
todos os poderes, a capacidade de aprender uma ampla quantidade de magias.
Talvez por isso eles tenham sido isolados. O poder pode trazer a paz e a
destruição, a alegria e a solidão, muitas, ou não, pode não trazer nada. Tudo
depende de como o portador do poder o usa. Por terem confiado nos gigantes e
terem sido traídos por seu coração que outrora fora bondoso, os deuses perderam
a confiança em toda e qualquer criatura. Esse foi o único motivo pelo qual os
Duraenai ganharam um nome com tal significado. Esse nome era o nome dado a eles
pelos deuses, que tinham medo de usar até o nome que eles usavam para se
referir a si próprios. Poucos viram, poucos Duraenai revelaram sua identidade,
porém eles não tentaram se revoltar; continuaram gentis, e há séculos não se vê
uma dessas injustiçadas criaturas. “Essa é a historia dos esquecidos e
injustiçados excluídos, os Duraenai.”
– Pobres criaturas... Entendo em
parte a dor deles. – Comentou aquele aprendiz após escutar tudo aquilo.
– É, deve ser horrível... –
responde a sacerdotisa, agora fitando o aprendiz que mal tirava os olhos dela
para olhar as ilustrações da maga.
– O que o ancião fez após contar
a história?
– Sumiu sem que percebêssemos, e
a fogueira se apagou.
– Interessante... Por que ainda
não anoiteceu?
–
Aqui não existem dias e noites definidas... Apenas existe o tempo púrpuro, onde
tudo pode acontecer. "Nome estranho" é o que tu me dirias... Bem,
penso eu ser "púrpura" porque vermelho seria muito quente e azul
muito frio. Talvez devido a tudo puder acontecer que tenhamos as "quatro
estações" dentro do reino.
– Entendo. Sabe... Achei estranho o final da história...
– E o que vais fazer em relação a isso?
– Modificar... Estamos em evolução contínua.