Aprender a escrever...

Aprender a escrever só se faz escrevendo. E só aprendemos bem aquilo que para nós tenha poesia.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Capítulos 24/25



Capítulo 24 – Lição pós contrato


– E você, já está pronto para a próxima, garoto? – indaga Alexis.
– Espero que sim.
– Senhoritas, este é Omni Raitun. – diz Yumi, e continua – Raitun, estas são Alexis, Mary Anne e Louise.
– A aura de vocês lembra um pouco a da Lilith. Vocês são sacerdotisas?
– Sim, apesar do nível dela ser superior, somos todas sacerdotisas. – diz Louise.
– Hora da próxima lição. – diz Alexis, já tendo regenerado a Willow a essa altura. – Despertar seus poderes de regeneração.
– E como fazemos isso?
– Concentrando seu poder no local a ser regenerado. Dependendo da gravidade do ferimento, isso pode gastar muito tempo e energia. Espero que você os tenha, e que sua habilidade seja tão boa quanto às das Kyuubi. Você sabe o que é uma Kyuubi?
– Bem, em meu mundo, é uma espécie de entidade espiritual de um país... Um...reino, chamado Japão. Lá as Kyuubi são tratadas como uma espécie de lenda, mito. “Kyuubi no Kitsune: Raposa de nove caudas. As raposas são entidades espirituais poderosas, com poderes de criar ilusões e se transformar-se em humanos, geralmente mulheres e velhas. Existem raposas boas e más. Dizem que elas têm de uma a nove caudas, e que demora 100 anos para uma cauda se desenvolver por completo. Dizem também que quando a raposa tem as nove caudas sua pelagem fica prateada ou dourada e ela ganha a sabedoria infinita, e o poder de ver e ouvir qualquer coisa em qualquer lugar do mundo.” Ou seja, para eles, quanto mais caudas, mais poder elas tem. No caso, seria a raposa mais sábia e poderosa. Aqui as regras também se aplicam?
– Sim, é algo desse tipo por aqui também. Claro que existem algumas poucas diferenças, que não influenciarão tanto. Você realmente sabe muito sobre raposas.
– Agradeço. Aqui as Kyuubi existem?
– Ora, em um mundo onde árvores dão conselhos você acha que não existiriam raposas oniscientes de nove caudas?
– Reino realmente estranho. Havia me esquecido por um momento. O que devo fazer afinal?
– Um corte, antes de tudo. Em si mesmo, claro. Ou prefere que uma de nós o faça?
– Quê? – Após relutar um pouco, ele acaba fazendo o corte. No final das contas, essa é a vida de um aprendiz. Se seu mestre disser “siga-me”, você o segue. Se ele diz “faça um corte”, você faz, pois seu mestre sabe o que faz, e ensina que a disciplina é um atalho para o conhecimento. “Conhecimento é poder”.
– Com a outra mão você concentra mana em cima do corte. Quando se tem a técnica dominada, isso não é necessário.
– Entendido. – O aprendiz começa a praticar, e após algum tempo e sangue derramado ele finalmente consegue fechar o corte. Alexis faz um sinal de aprovação, e todos menos eles dois somem do local.

Capítulo 25- Enigma pós lição


– Parabéns Raitun. Continue levando seus ensinamentos em frente, você tem um futuro promissor à frente. Lutas, amores, infelizmente, fatos tristes. Lembre-se de cada frase bonita que lhe disserem, talvez elas ajudem bastante em seu aprendizado. Lembre-se dessa junto com as outras: “Sempre existe alguém que tentará e às vezes conseguirá lhe ferir. Quase sempre haverá alguém para curar suas feridas, porém só você conseguirá ter a real noção de quão profundas são as suas cicatrizes”. Infelizmente, não temos mais tempo. Poderíamos confraternizar pelo seu aprendizado, conversar. Continue praticando tudo, Raitun, e dirija-se ao nascer do sol, pois lá renasce a esperança e a vida. – depois do breve discurso a elfa também some aos olhos do aprendiz.
– Acho que isso era algum tipo de enigma...
– Primeira dedução correta. Próxima? – Diz Kitsu, reaparecendo.
– Maldita mania de vocês, heim... Passam a vida sumindo, aparecendo, sumindo, aparecendo...
– Sem choro, continue.
– Ela falou algo sobre o nascer do sol, então suspeito que é algo que vou ver no leste. O que há no leste?
– O templo do rio Katonirus
– Que venha o templo então. – diz o aprendiz, e dispara como uma técnica que lembra a da raposa maior. Esta logicamente não fica atrás, e diz “Você é quase tão rápido quanto eu. Quase!” ao passar direto por ele.
– Olá Louise. Há quanto tempo– Diz Kitsu, em meio a uma reverência.
– Olá. Deixou o pobre aprendiz para trás?
– Na verdade, ele apenas me mostrou que sou quase tão rápido quanto ele – diz o aprendiz, tendo acabo de chegar.
– Ora, e agora são esses os modos de um aprendiz? Curve-se aprendiz de raposa, siga o exemplo de seu tutor, aprenda a demonstrar o devido respeito.
– Perdoe-me por tal insolência, sacerdotisa Louise. –diz Raitun em meio a uma funda mesura que se mantém até que o seu tutor interceda por ele.
– Ele não chegou aqui há muito tempo. Então, quem seria melhor para ensinar-lhe modos do que um antigo dragão do leste?
– Então as raposas ainda mantêm o respeito pelos dragões. Continuam sagazes e astutas de mais, sempre conseguindo uma maneira de se sair bem de situações problemáticas.
– Logicamente mantemos também nosso respeito, graciosidade, orgulho e ironia, ó reles exemplar orgulhoso de dragão.
– Assim como nossas amigas em comum. Elas serão de grande ajuda.
– Temos gueixas de passagem por aqui? Em um momento oportuno como esses? Os deuses estão mexendo em algo lá em cima.
– Temos, temos. – e uma exuberante gueixa sai do interior do templo, observando o aprendiz em profundo silêncio na sua respeitosa reverência. – bela mesura, para um cavalo, ou um sapo... Você é mesmo uma raposa?
– Sim, srta. Gueixa, e se não sou bom o suficiente, então rogo que me ensine como devo fazer. – diz ele, ainda imóvel. Ela se aproxima do aprendiz, e começa a dar suas dicas
– Ao menos sabe pedir... Não encoste a cabeça no chão, e junte as pontas dos dedos. Coloque os cotovelos para dentro, e não ponha seu peso nas mãos... Isso! Agora é uma mesura perfeita para uma raposa aprendiz!
– Fico profundamente grato. – diz Raitun, repetindo a mesura aprendida.
– Ora, que graciosa mesura! Eu lhe adotaria como irmãozinho mais novo, mas parece que você já tem família.
– Infelizmente, você perdeu esse pupilo há uns dois mil anos, ou mais. – diz Louise rindo
– Me disseram “temos gueixas de passagem”. Não temos gueixas, e sim a grande Sayumi. Muito melhor do que eu esperava. Será uma honra para meu pupilo aprender modos com a grande Sayumi, e espero que ele se comporte.
– Não me deve tantas honras, deve? Eu que devo muito à grande Kitsu. – E a Srta. que acabara de aparecer de forma graciosa, mais graciosamente faz uma profunda mesura como a do aprendiz. Em outro nível de graciosidade, pois apesar de ser uma jovem, era experiente em seu trabalho e a melhor no que fazia. O quimono que tinha detalhes de galhos em meio à seda preta complementava a beleza da gueixa (mais parecida com algum quadro disposta em uma mesura como aquela). Mas ao se levantarem a atenção do aprendiz logo se voltou aos olhos da mulher. Eram de uma cor praticamente impossível de se descrever. Seriam cinza-azulados? O aprendiz só consegue dizer: – Que olhos exóticos...
– Obrigado. Soube que você também tem olhos interessantes.
– Devem ter falado sobre isso então. – o aprendiz lhe mostra seus olhos de raposa por alguns instantes, e depois os faz voltar a serem apenas olhos quase pretos e comuns.
– Olhos da noite preenchidos de luz e raios em uma face, olhos comuns do dia com muita madeira em outra face. Isso é uma combinação explosiva, pode causar devastações se misturado na medida certa.
– Você tem água o suficiente para controlar isso, não tem Sayumi? – Diz Kitsu
– A água irá conduzir os raios até o chão e regar as terras onde as raízes poderão se fixar. – complementa Louise.
– Irei lhe contar uma história que não deve ser repassada sem minha permissão. Você parece ser de confiança, e se eles confiam em você, eu também o farei. – e a grande Sayumi começa a contar a história de sua vida. Após tudo, o aprendiz recapitula para não esquecer-se de nenhum detalhe importante.
– Então, em resumo você não tinha esse nome, e ele lhe foi dado após virar uma gueixa. E para virar uma gueixa, a Sayumi-san foi retirada de seu lar forçadamente, sofreu trabalhando em uma casa onde gueixas moram. Após sofrer muito conseguiu entrar em uma escola onde elas aprendem as coisas e ser adotada por uma irmã mais velha, que protegeu e ajudou você a ser uma gueixa prodigiosa.
– Tirando os enormes detalhes, restará mais ou menos isso. Lembre-se: vendemos a nossa arte, e não o nosso corpo, e a nossa arte é entreter o cliente. Servir bebida, dançar, recitar poemas. Dar alegria, talvez até flertar graciosamente seja trabalho de uma gueixa. Ganhar dinheiro apenas com sexo é trabalho de uma prostituta. Não vendemos sexo, algumas têm algo com algum cliente e o praticam, e isso não significa que todas façam isso. Estamos aqui para ciceronear nossos convidados. Suavemente, aos sussurros. Sempre. E como raposas, somos sempre leves e graciosas. Infelizmente, raposas e gueixas têm caminhos tristes. Leves, graciosas, porém solitárias. Lembre-se, você que escolhe qual caminho quer seguir, você então quem deve aguentar todas as consequências disso. Em um caminho solitário muitas vezes não terá quem te apoie quando você cair. Mas se você quer realmente seguir algo, deve se levantar e continuar caminhando, sem desistir de ir até o fim.
– Posso continuar treinando, irmã? – Com esse pedido começa o desenrolar dos treinos de modos do aprendiz, enquanto voltamos às memórias para outra que possui a ambiguidade incrustada em sua testa.
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