Aprender a escrever...

Aprender a escrever só se faz escrevendo. E só aprendemos bem aquilo que para nós tenha poesia.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Projeto - Capítulo 28 ( Fim da parte 1)



Capítulo 28 – O caminho a seguir

        
– O caminho.
–Como assim?
– O caminho de um aprendiz. Hora de por suas habilidades em prática.
– Como farei isso?
– Você irá fazer trabalhos, missões para o reino, assistido por mim.
– Quando e onde começamos?
– Agora. Sua primeira missão é apanhar aquele gato preto à nossa frente. Ele definitivamente não é daqui. – O garoto ia perguntar algo, porém o medo dos olhos amarelos da raposa é maior e o impede. A única opção que lhe resta é tentar em vão pegar o tal gato. E falhar inúmeras vezes. Logicamente, o gato não era dos mais comuns. Saltava, mudava de direção no ar e por vezes até sorria debochadamente de orelha a orelha de Raitun, sumindo e virando fumaça quando Raitun tocava seu corpo. Finalmente a irritação supera a paciência e os olhos amarelos da raposa aprendiz fixam o alvo da missão.
– Gato idiota!– diz Raitun, enquanto as raposas invocadas por ele rapidamente (e finalmente) capturam o gato.
– Você entendeu o que disse sobre "usar suas habilidades" ou é o aprendiz mais idiota desse reino?
– Acho que apenas não me acostumei a ter "habilidades".
– Perder para um gato, lamentável.
–Ora, cale-se! Raposa maldita.
– Exijo respeito de fracos que perdem para gatos. Devem me chamar no mínimo de "Grande Raposa".
– Qual a próxima missão, ó grande e honorável raposa?
– Eu deveria condenar a virar escravo quem falha miseravelmente a honra das raposas perdendo assim para um gato. Lamento não poder fazer isso dessa vez. – Logicamente, tal frase levanta a questão "por que dessa vez não?”, mas perguntas desse tipo são sufocadas por qualquer coisa, a todo custo. Você também acaba de ter a impressão de que tais perguntas voltarão com o vento? Então estás realmente imerso em nossas memórias. O caminho do aprendiz acaba de começar, e seu tamanho é relativo, assim como tudo o é, não importando em qual mundo estamos. Não lembro onde ou quando, mas aprendi que esse conjunto de relações e coisas de certa forma garante nossa sobrevivência nossa alegria e nossa dor.  Basicamente o caminho do aprendiz seria absorver o máximo dessas relações, usando o aprendido para aprender. Aprender várias lições de vida, para ter recursos para sair de várias situações problemáticas, e ajudar outros com suas dúvidas. Resumidamente, funciona como mais um círculo vicioso como muitos outros existentes, e o complicado é explicar o que alimenta essas coisas estranhas que os humanos sentem. Alguns poderiam dizer que o motivo para trilhar este ou outro caminho é a vontade própria, o que neste caso podemos chamar de "sede de aprendizado". Não considero um motivo algo forte o suficiente para uma prática ou tradição ser mantida de forma eterna ou duradoura. As coisas mais importantes são feitas sem motivos específicos na maioria das vezes. Relacionamentos, laços, memórias e coisas duradouras de qualquer tipo são mantidas sem motivos nenhum, construídas sem motivo nenhum, e consideradas coisas extremamente importantes sem motivo nenhum em especial. É como dizer algo como "Vou fazer isso com todas as forças, juro pela minha alma!", é como dizer “Espero que eu guarde aquelas palavras, aquele sorriso, aquele gesto, aquele cheiro para sempre. Se isso não for possível, que eu o faça pelo maior tempo possível.”
– Chega de escrever por hoje, pirralho estúpido!
– Cale-se, raposa maldita!
 O caminho do aprendiz havia continuado. Algum tempo havia se passado, e agora Raitun ganha mais fama e suas habilidades chegam a ser superestimadas a ponto de Kitsu, seu tutor, fazer uma aposta com o próprio Imperador do reino, Crossmusse Del Alfarroz II em pessoa. E a aposta foi apoiada pelos Lordes Imperiais e sacerdotisas, todos do lado de Raitun. Isso ocorreu em uma ocasião onde Raitun foi chamado para entreter a corte (Herança gueixa. Interessante não é?). Em meio às conversas saiu um “Se ele não pagar suas dívidas com o reino nos próximos três meses seremos seus escravos, nos rebaixaremos a simples cães fiéis. Porém, caso ele consiga, eu tenho direito total sobre os ganhos futuros dele, vossa majestade devolve metade do que ele ganhou nos três meses a nós dois, e ele tem direito a um desejo, qualquer um.” Os ganhos citados são relacionados com as missões e caçadas. Grande parte ia para o reino, em forma de impostos e manutenção de estragos feitos em alguma luta. Como um aprendiz no começo da vida faz muitas coisas erradas antes de aprender, toma tempo, equipamentos e outras coisas ele forma uma dívida maior do que o que ele ganha nas missões. Uma oferta tentadora para o anão. Aprendizes ganham muito pouco, afinal, são fracos demais para fazer missões mais perigosas, só conseguem saldar suas dívidas após anos, caso tenham sucesso. E é quando deixam de ser aprendizes. Ninguém ficou mais feliz com isso do que Hatsumomo, cujo ódio pelo aprendiz crescia, rancor e escuridão engoliam tudo aos poucos. Muitos dizem que ódio e amor são muito próximos, mas isso é história para outro momento. A raposa tinha desde um início um plano arquitetado, afinal, raposas não entram em apostas sem ter certeza de que vão ganhar (ainda mais se falando em uma aposta que coloca seu orgulho e honra em jogo).

“Olá. Sim, sou eu de novo. Não, não importa quem eu sou, você que é importante aqui. Você e o Raitun. Espero que não tenham se espantado por ele ser careca. Dizem por aí que ele simplesmente não gosta muito do próprio cabelo, ou que ele é uma espécie de guerreiro-mago-monge, ou qualquer coisa do tipo. Eu não digo nada, apenas conto e pergunto: você gostou? Espero que sim, sabe... e... bem, apesar de ainda ter muita coisa pra contar, pelo menos você já sabe agora o que é um aiodrome e essas coisas do tipo. E quem é o Raitun. Bem, pelo menos agora vocês acham que sabem. Eu também acho que sei. Quem sabe um dia enquanto eu vou contando e vocês ouvindo não descobrimos a verdade sobre eles? Ah sim, o que eu sei até agora é: é verdade que ainda não aconteceram muitas guerras e batalhas tão épicas, mas elas estão mais perto do que longe. Caso você queira continuar a ouvir o que eu conto, vai dar de cara com elas daqui a pouco, assim como deu de cara com Montris. ‘Puf’!!!”

Ass: Aquilo que conta
P.S.: Espero que você continue, assim não vai ter sido em vão eu ter contado que aiodromes são mais interessantes do que se imagina. E um protagonista careca também!
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