Aprender a escrever...

Aprender a escrever só se faz escrevendo. E só aprendemos bem aquilo que para nós tenha poesia.

domingo, 6 de abril de 2014

Projeto - Capítulo 1

Eu estava pensando em como escrever o próximo capítulo, e o livro lançou pra mim a campanha #eunãomereçoficarnagaveta. Resolvi tirá-lo da gaveta então. Esse é o projeto de romance que eu venho escrevendo desde que resolvi escrever (2009/2010, por aí...). Foram minhas primeiras letras que ainda escrevo até hoje e não sei quando, mas um dia termino. Resolvi apenas tirá-las da gaveta, assim do nada mesmo, porque sim, porque cansei de mostrá-las para uns poucos, e receber pouca ou nenhuma opinião. Quero saber o que o povão acha dessa loucura que tanto escrevo e nunca termina. Essa história merece ser lida por qualquer um que se interessar. Espero que você seja um deles. Aproveite para viajar pelo fantástico mundo de Montris, e as memórias de um aprendiz.


"Olá. Se você não gosta de livros de fantasia ou que falem de magia, elfas, orcs, anões, guerras, amores, garotos carecas, criaturas mágicas, poderes ainda mais mágicos, coisas exóticas e afins, não sei se você vai gostar da história que eu vou contar. Provavelmente não, mas ainda assim, por que não testar? Talvez você goste dessa em especial. E se você não sabe ainda o que é um aiodrome ou qualquer uma dessas coisas que eu falei, estou lhe convidando a conhecê-las agora. Aliás, agora não, daqui a pouco, nas próximas páginas. Que tal?"

Ass: Aquilo que conta.

P.S.: Espero que você aceite o convite e eu não tenha contado tudo em vão, por nada do que conto aconteceu em vão, sabe... e o motivo é...bem... “informação confidencial”.




Parte 1


Capítulo 1 – Uma velha história

37 minutos após as 7, britanicamente. É o que dizem as palavras. Nós e elas somos as palavras. E enquanto eu sou o que não digo, elas são as dizem por si. Espero que seja a hora certa de dizer isso a vocês. Afinal, temos não sei quanto tempo para lhes contar não sabemos ainda o que. O que eu vou lhes contar? As memórias de um aprendiz de artes da viajosidade, uma história, claro. E de que tipo? E quem seria o aprendiz? E que artes ele aprendeu? Informação confidencial, o que quer dizer que saberemos tudo em breve(ou não) em meio à chuva e a tempestade, roupas encharcadas e uma fogueira à frente. Ah, longa... Loooonga história, que conta sobretudo...sobre...Tudo. E sobre Ninguém. Antes de qualquer coisa, devo lhes pedir perdão. Tudo ainda é muito confuso, eu sei, mas irei lhes contar pouco a pouco tudo com o máximo de detalhes que possuo, porém, não sei de onde a história veio, e quando foi contada pela primeira vez, muito menos quando foi feita. Eu sou apenas aquilo que conta, não posso ser dono do que conto. O que posso lhes contar é algo que parece problemático de entender, mas não o é. Espero que seja algo interessante e útil para vocês. Nos próximos momentos, apenas... Viaje comigo no mundo das palavras por alguns instantes, e você entenderá... uma... uma...(o que eu deveria dizer agora mes- ah sim!)
Uma velha história que começa dessa maneira...
Uma jovem que deve ter lá seus 18 anos estava andando. Ela gostava de andar, principalmente sob a proteção da chuva. Costumava dizer que a tal lhe lembrava uma pessoa.  Após um pouco de caminhada, resolveu por fim andar por entre as cerejeiras que existiam por ali perto. Árvores que faziam uma espécie de corredor, como se estivesse convidando a garota a andar entre elas. A propósito, ela adorava o cheiro das cerejeiras em flor. Era algo que a deixava leve e andando como se não tivesse que chegar a lugar algum. Porém na chuva ela não conseguia sentir o cheiro das cerejeiras. Mal podia vê-las, por causa do escuro e da chuva, e o conjunto fazia um cenário de certa forma sombrio e acolhedor para ela, que gostava desse tipo de coisa. Um cenário que para muitos seria certamente de um filme de suspense ou terror, para aquela garota chegava até a ser romântico. O cheiro da chuva, as silhuetas das árvores em penumbra, e um corredor sem fim que tinha o cheiro da chuva impregnado nele. Talvez o cheiro da chuva também a lembrasse da tal pessoa, ela parou muito, antes de chegar ao fim do corredor. Sorrindo, abrindo os braços, fechando os olhos e sentindo cada gota caindo sobre seu rosto. E finalmente, ao término do corredor, uma surpresa em meio à chuva e à noite escura: Uma crepitante fogueira resistindo às lágrimas que caíam do céu, e bancos feitos com troncos em volta desta. Isso intriga a garota, isto a preenche com um misto de excitação e medo. “Como em meio a essa chuva o fogo arde tão calorosamente, como que me convidando a ficar um pouco?” deve ser o que ela perguntou a seu interior naquele momento. Estranhamente, ela aceita o convite, e senta-se em frente à fogueira, observando o vai e vem das labaredas. Ela chegou a ficar tão concentrada no momento, que diria eu que ela é o tipo de garota que se perde em pensamentos por qualquer detalhe interessante achado em qualquer coisa considerada simples para o resto do mundo. Porém o transe dela é quebrado por algo que, de tão simples e óbvio (e ao mesmo tempo tão impensável) chega a dar calafrios na pobre garota: havia alguém do outro lado da fogueira, também sentado em um banco. Talvez ela não a tivesse visto por causa de suas vestimentas... Convenhamos que seja problemático perceber de noite alguém que usa um capuz preto que o cobre por completo. E novamente a garota se vê perdida em pensamentos de quem é aquela pessoa, da sua origem e motivos para estar ali, exatamente à sua frente. Antes que ela esboce qualquer reação, o tal alguém o faz.
– Interessante, não é?–Diz a figura. Revela, pelo tom da voz, ser um homem com certa idade... E certa rouquidão. É uma rouquidão tão profunda que faz a garota paralisar por instantes antes de lembrar que ele havia feito uma pergunta.
– A- ah... Sim... É interessante. – responde com voz trêmula.
– Você poderia me dar uma pequena ajuda de grande importância? Se essa fogueira apagar, morreremos de frio, concorda? Poderia pegar um pouco de lenha para a generosa fogueira que está nos mantendo aquecidos? Eu ficaria muito grato.
A garota não responde nada, apenas se levanta e some em meio às árvores. Algum tempo depois ela volta com alguns gravetos, um pouco suja e ofegante. E também mais cheia de questionamentos. “Por que esse pedido? Ele estava me esperando? Por que eu atendi imediatamente?” Ela não sabia os porquês, mas aquele senhor encapuzado e a fogueira em meio à chuva prenderam de alguma forma sua atenção.
– Não precisava se esforçar tanto. – Diz o senhor, e limpa o rosto da garota, que tinha se manchado de alguma forma. Após isso, ele continua. – Contudo, agradecemos a generosidade. Posso recompensá-la pelo esforço de alguma forma?
– Se o senhor souber alguma maneira de fazer isso, pode sim.
– Isso foi realmente algum tipo de desafio?
– Talvez seja- responde a garota.
– Então, talvez eu saiba como recompensá-la. É mais eficiente perguntar antes com os jovens, eles cada vez mais têm pressa e mais pressa, porém quando envelhecerem irão implorar para que toda a pressa que eles tinham se converta em atraso ou reversão do tempo.
– Faz sentido... Acho que nunca somos plenamente satisfeitos então.
– Exatamente, humanos nunca se satisfazem plenamente. E aquilo foi ou não um desafio?
– Foi. Espero que você consiga superar o desafio que eu fiz.
– Ele já está resolvido... Caso você queira escutar a resposta...
– Qual a resposta?
– A resposta é que para recompensá-la, irei contar-lhe uma história. Caso você queira escutar, é como posso lhe retribuir o favor. E assim estaríamos fazendo companhia um ao outro por um tempo, e à fogueira.
–Faz sentido... E o que conta a sua história?
–Não, não é minha. É uma lenda muito antiga... Que há muito tempo foi contada por uma antiga e poderosa sacerdotisa, a um sagaz e prodigioso aprendiz da vida.
– Hmm... E sobre o que exatamente ela fala?
– Sobre magia, mitologia, deuses, seres fantásticos, e a linha tênue que separa bem e mal, alguns ensinamentos para a vida, quem sabe... – A garota tomou um choque nesse momento, porém não foi por causa das palavras, ou do jeito que ele falou. O que fez a garota fixar mais ainda seus olhos na fogueira foi a própria fogueira. Como se as chamas tivessem vida própria, aos olhos da garota elas se moveram, e formando várias figuras, pareceram ter ilustrado o que o ancião lhe falara há pouco. No momento, a vida ainda estava presente nelas, e parecia haver uma mulher ajoelhada com um homem deitado em seu colo em meio às chamas da fogueira. Ela não entendeu aquilo, e muito menos se estava assustada ou curiosa para saber do que se tratava aquilo que acontecia. Após um tempo observando aqui, seu inconsciente resolveu lembrar ao consciente que ela podia falar, mesmo perplexa.
– Velho... Você é uma espécie de deus, mago, bruxo ou coisa do tipo?
– Creio que não... Nenhum destes. Ainda curiosa pra escutar sobre a história? – Indaga ele, quando por instantes a fogueira volta a ser apenas uma fogueira comum, que resistia bravamente à chuva.
– Sim... Apesar de estar com uma impressão de que não vou acreditar nela. – Diz a garota, se deitando no banco feito de troncos.
– Parece cansada... Um banco não é bem uma cama aconchegante, mas deve ser melhor deitar-se assim. Faz bem, a história é grande.
 Ao deitar-se no banco ela pensa: “Bem... já que tudo já está estranho, é melhor confiar nele de uma vez. Espero que seja uma boa história, pelo menos”. O ancião tira de dentro de seu capuz um livro, e novamente vem de dentro da garota o sentimento de que algo está estranho. Primeiramente, o livro não parecia se molhar... E apesar de não conse-guir ler o que havia em sua capa, notou que havia um desenho que lembrava um olho em sua capa... Com uma pupila vertical.
O velho começava novamente aquela velha história, porém, para uma nova pessoa.
Dija Darkdija

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