Capítulo 18 – Tensão
Mal acabara de falar e sua
pequena profecia já estava cumprida: O Fenrir do episódio da taberna e sua dona
agora estão rondando o quarteto de sacerdotisas.
– Você já sabe o que acontece a
quem quebra as regras e profana terra sagrada, não sabe, pirralha estúpida? –
Após dizer essa frase em tom ameaçador Lilith põe a mão sobre o copo do chá de
pingentes. É quando se ouve uma risada descarada vinda da dona do Fenrir
– Você tem mesmo poder pra me
matar? Você vai me matar mesmo só por eu ter atrapalhado um chazinho?
– Não duvide do poder sagrado que
tu desconheces, pirralha estúpida. Nem do poder de quem não conheces.
– Reapresente-mo-nos então, para
que possamos duvidar uma da outra. – Diz Hatsumomo sarcasticamente, fazendo uma
reverência, após isso continua:
–Lampirerin Mizumi Hatsumomo,
Substituta temporária do Lupuoskirus.
Lilith se levanta com o pingente
na mão, e de forma elegante, retribui a reverência.
– Grã Sacerdotisa Lilith, guardiã
da fronteira do sul, o templo do rio Articus. Irei te purificar do seu maior
pecado: sua existência.
A única coisa em que as duas
concordavam era no “arrogante” que usavam para se referir a outra. Acabavam
sempre lutando (e empatando) quando se encontravam. Hatsumomo faz o primeiro
movimento, materializando sua foice. E o fez em uma boa hora, já a usando para
defender-se de uma flecha de luz. A elfa resolve quebrar o breve silêncio,
ainda com o pingente em mãos.
– Mantenha o foco, Mihawk. – O
momento a seguir é breve, e complexo de descrever. Ao dizer “mantenha o foco,
Mihawk”, uma intensa luz vinda do pingente, e este toma a forma de um arco
enorme. Ao cessar da luz é que se podem ver seus detalhes: Lilith porta na mão
esquerda uma espécie de Daikyu.
O Daikyu (Daikyu é um tipo de
Arco longo japonês, por volta de 2,20 m de comprimento, segundo a enciclopédia
das espadas gêmeas.) de Lilith era um pouco mais grosso que um arco normal, com
alto relevo de penas por sua extensão. No meio do arco um alto relevo que tem a
forma da cabeça de um pássaro, como uma espécie de proteção para a mão. Ela
posiciona a mão livre junto da outra, produzindo uma esfera de luz branca, e
puxando a mão transforma a esfera em uma flecha. Com o Mihawk na horizontal e
uma flecha pronta para ser atirada, terminamos a descrição do breve e complexo
momento e começamos a do contra ataque.
– Flecha Ártica. – A oponente vê
apenas seus pés congelando junto com o solo, isso graças a seu reflexo em
rebater a flecha, e se vê obrigada a quebrar o gelo imediatamente e sumir aos
olhos de Lilith, para prevenção de algum ataque inesperado. Hatsumomo reaparece
em sua posição de decapitação de sempre, porém antes que ela faça cabeças
rolarem a elfa consegue se abaixar e provocar um pequeno corte em Hatsumomo com
seu arco, sumindo após o golpe da mesma maneira que a outra havia feito.
– Agilidade MANA? Espero que seja
rápida o suficiente pra me alcançar. – Diz a outra, e dá um sorrisinho, antes
de entrar na corrente de sumiços. As duas começam uma dança de guerra,
movendo-se rapidamente com a tal “agilidade mana”. Que parece ser uma técnica
onde concentram mana nas pernas, pés e solas dos pés principalmente. A única
prova de que lutaram era que os mais habilidosos podiam acompanhar sua velocidade
com os olhos (e com a aura). Os outros apenas viam aqui e ali uma flecha bater
contra uma lâmina de energia, faíscas no ar, rajadas de vento em vários
lugares. As outras três sacerdotisas apenas acompanhavam minuciosamente a luta,
por não serem poderosas o suficiente para pará-las. Apenas podiam esperar algo
acontecer, e orar em silêncio, tentando manter o estado de espírito, mesmo
inseridas em meio à pressão espiritual de duas mulheres com um nível maior de
poder. Pareciam se contrapor ao estado de excitação das duas, pareciam querer
balancear o ambiente, assim como o contraste entre o vento e uma pedra. Talvez
apenas pedissem para que elas não manchassem aquele lugar, mas os ventos sempre
ignoram e passam pelas pedras, e as duas fazem o mesmo, continuando seu embate
brutal e feroz. A certa altura, as duas “param no tempo”, cada uma com a chance
de aniquilar a outra. Antes que alguma das duas completar seu movimento, outro
movimento mais rápido para as duas.
– Desarme! –Diz a voz de Hitch,
para alívio das sacerdotisas. Estas pareciam felizes ao ver Hatsumomo
desarmada. A entrada só não foi perfeita por que a foice foi parar apenas quando
se fincou em uma Willow. Lilith ainda mantinha o arco em posição de ataque, até
vir mais interrupções.
– Prisão do crisântemo!
– Arte secreta de contenção.
Muito bom Yumi. –Diz Lilith sorrindo, mesmo presa na tal arte de contenção. 16
hastes de luz em formato de pétalas rodeiam a sacerdotisa e impedem que ela se
mova. Hatsumomo tenta fugir, porém a Arquiduquesa é superior em velocidade.
– 16 em flor a um só prenderão.
Linda flor, arte de prisão. Arte secreta de contenção, prisão do crisântemo!
– Você já mostrou que não
precisava recitar as palavras de liberação, maldita exibida. – São as palavras
ensopadas de ódio que a Lampirerin diz após ser capturada. A Lampirerin era
poderosa, porém compará-la a um Lorde Imperial era o mesmo que comparar ondas
que batem em um rochedo num dia comum as mesmas ondas que fazem o mesmo em meio
a uma tempestade torrencial. Nem esta e nem a sacerdotisa juntas faziam frente
ao poder total de um dos Lordes. Alexis finalmente sai do seu estado de
meditação, se levanta e vai ao encontro das recém chegadas, parando para uma
breve reverência. Hitch desce de Gonduriel [era o nome do pássaro dela] e
retribui a mesura feita por Alexis. Yumi também acaba fazendo o mesmo.
– Usando técnicas proibidas?
– Bem, há suas vantagens em um
Lorde Imperial. E se ficassem soltas continuariam o duelo até a matar a elas
mesmas ou a alguém que não tem nada a ver com isso tudo.
– É, faz sentido se olharmo por
esse lado.
– O que houve para a Lilith ter
se rebaixado a tal ponto? – Pergunta a Arquiduquesa.
– Profanar um local sagrado é
mais que suficiente para irritá-la por completo. –Explica Alexis, sendo logo
interrompida por Louise. Esta apontava a Willow com a foice fincada em seu
tronco.
– Um ser de sua responsabilidade
foi atingido.
– Ah, agradeço pela preocupação
em avisar... Eu já estava indo cuidar disso. – Após as palavras Alexis vai até
a árvore e arranca a foice.
– Tiro ao alvo? – Sugere Hitch
com um sorriso no rosto
– Boa ideia. – Responde a elfa,
lançando a foice para o alto
– Suna! – Grita Hitch, atirando
uma magia na foice. Esta cai no chão não mais como foice, e sim como um punhado
de areia. Enquanto Alexis começa a usar suas técnicas de regeneração na Willow,
Hatsumomo grita desesperada por sua ceifadora, e as outras conversam, voltemos
ao treinamento do jovem promissor. No meio tempo ele assimilou o manejo das
duas katanas. Dizem que foi graças a ser um prodígio, ter “olhos diferentes”,
ser ágil como uma raposa. Além dessas coisas eu acrescentaria o medo de morrer
fatiado ao meio pela Zanbatou do general. Diria também que exatamente agora
virão mais parte particularmente problemáticas de escrever (e alguém me
perguntaria “como tudo nesse livro?” se não fosse informação confidencial).
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