Capítulo 24 – Lição pós contrato
– E você, já está pronto para a
próxima, garoto? – indaga Alexis.
– Espero que sim.
– Senhoritas, este é Omni Raitun.
– diz Yumi, e continua – Raitun, estas são Alexis, Mary Anne e Louise.
– A aura de vocês lembra um pouco
a da Lilith. Vocês são sacerdotisas?
– Sim, apesar do nível dela ser
superior, somos todas sacerdotisas. – diz Louise.
– Hora da próxima lição. – diz
Alexis, já tendo regenerado a Willow a essa altura. – Despertar seus poderes de
regeneração.
– E como fazemos isso?
– Concentrando seu poder no local
a ser regenerado. Dependendo da gravidade do ferimento, isso pode gastar muito
tempo e energia. Espero que você os tenha, e que sua habilidade seja tão boa
quanto às das Kyuubi. Você sabe o que é uma Kyuubi?
– Bem, em meu mundo, é uma
espécie de entidade espiritual de um país... Um...reino, chamado Japão. Lá as Kyuubi
são tratadas como uma espécie de lenda, mito. “Kyuubi no Kitsune: Raposa de
nove caudas. As raposas são entidades espirituais poderosas, com poderes de
criar ilusões e se transformar-se em humanos, geralmente mulheres e velhas.
Existem raposas boas e más. Dizem que elas têm de uma a nove caudas, e que
demora 100 anos para uma cauda se desenvolver por completo. Dizem também que quando
a raposa tem as nove caudas sua pelagem fica prateada ou dourada e ela ganha a
sabedoria infinita, e o poder de ver e ouvir qualquer coisa em qualquer lugar
do mundo.” Ou seja, para eles, quanto mais caudas, mais poder elas tem. No
caso, seria a raposa mais sábia e poderosa. Aqui as regras também se aplicam?
– Sim, é algo desse tipo por aqui
também. Claro que existem algumas poucas diferenças, que não influenciarão
tanto. Você realmente sabe muito sobre raposas.
– Agradeço. Aqui as Kyuubi
existem?
– Ora, em um mundo onde árvores
dão conselhos você acha que não existiriam raposas oniscientes de nove caudas?
– Reino realmente estranho. Havia
me esquecido por um momento. O que devo fazer afinal?
– Um corte, antes de tudo. Em si
mesmo, claro. Ou prefere que uma de nós o faça?
– Quê? – Após relutar um pouco,
ele acaba fazendo o corte. No final das contas, essa é a vida de um aprendiz.
Se seu mestre disser “siga-me”, você o segue. Se ele diz “faça um corte”, você
faz, pois seu mestre sabe o que faz, e ensina que a disciplina é um atalho para
o conhecimento. “Conhecimento é poder”.
– Com a outra mão você concentra mana
em cima do corte. Quando se tem a técnica dominada, isso não é necessário.
– Entendido. – O aprendiz começa
a praticar, e após algum tempo e sangue derramado ele finalmente consegue fechar
o corte. Alexis faz um sinal de aprovação, e todos menos eles dois somem do
local.
Capítulo 25- Enigma pós lição
– Parabéns Raitun. Continue
levando seus ensinamentos em frente, você tem um futuro promissor à frente.
Lutas, amores, infelizmente, fatos tristes. Lembre-se de cada frase bonita que
lhe disserem, talvez elas ajudem bastante em seu aprendizado. Lembre-se dessa
junto com as outras: “Sempre existe alguém que tentará e às vezes conseguirá
lhe ferir. Quase sempre haverá alguém para curar suas feridas, porém só você
conseguirá ter a real noção de quão profundas são as suas cicatrizes”.
Infelizmente, não temos mais tempo. Poderíamos confraternizar pelo seu
aprendizado, conversar. Continue praticando tudo, Raitun, e dirija-se ao nascer
do sol, pois lá renasce a esperança e a vida. – depois do breve discurso a elfa
também some aos olhos do aprendiz.
– Acho que isso era algum tipo de
enigma...
– Primeira dedução correta.
Próxima? – Diz Kitsu, reaparecendo.
– Maldita mania de vocês, heim...
Passam a vida sumindo, aparecendo, sumindo, aparecendo...
– Sem choro, continue.
– Ela falou algo sobre o nascer
do sol, então suspeito que é algo que vou ver no leste. O que há no leste?
– O templo do rio Katonirus
– Que venha o templo então. – diz
o aprendiz, e dispara como uma técnica que lembra a da raposa maior. Esta logicamente
não fica atrás, e diz “Você é quase tão rápido quanto eu. Quase!” ao passar direto
por ele.
– Olá Louise. Há quanto tempo–
Diz Kitsu, em meio a uma reverência.
– Olá. Deixou o pobre aprendiz
para trás?
– Na verdade, ele apenas me
mostrou que sou quase tão rápido quanto ele – diz o aprendiz, tendo acabo de chegar.
– Ora, e agora são esses os modos
de um aprendiz? Curve-se aprendiz de raposa, siga o exemplo de seu tutor,
aprenda a demonstrar o devido respeito.
– Perdoe-me por tal insolência,
sacerdotisa Louise. –diz Raitun em meio a uma funda mesura que se mantém até
que o seu tutor interceda por ele.
– Ele não chegou aqui há muito
tempo. Então, quem seria melhor para ensinar-lhe modos do que um antigo dragão
do leste?
– Então as raposas ainda mantêm o
respeito pelos dragões. Continuam sagazes e astutas de mais, sempre conseguindo
uma maneira de se sair bem de situações problemáticas.
– Logicamente mantemos também
nosso respeito, graciosidade, orgulho e ironia, ó reles exemplar orgulhoso de
dragão.
– Assim como nossas amigas em
comum. Elas serão de grande ajuda.
– Temos gueixas de passagem por
aqui? Em um momento oportuno como esses? Os deuses estão mexendo em algo lá em
cima.
– Temos, temos. – e uma
exuberante gueixa sai do interior do templo, observando o aprendiz em profundo
silêncio na sua respeitosa reverência. – bela mesura, para um cavalo, ou um
sapo... Você é mesmo uma raposa?
– Sim, srta. Gueixa, e se não sou
bom o suficiente, então rogo que me ensine como devo fazer. – diz ele, ainda
imóvel. Ela se aproxima do aprendiz, e começa a dar suas dicas
– Ao menos sabe pedir... Não
encoste a cabeça no chão, e junte as pontas dos dedos. Coloque os cotovelos
para dentro, e não ponha seu peso nas mãos... Isso! Agora é uma mesura perfeita
para uma raposa aprendiz!
– Fico profundamente grato. – diz
Raitun, repetindo a mesura aprendida.
– Ora, que graciosa mesura! Eu
lhe adotaria como irmãozinho mais novo, mas parece que você já tem família.
– Infelizmente, você perdeu esse
pupilo há uns dois mil anos, ou mais. – diz Louise rindo
– Me disseram “temos gueixas de
passagem”. Não temos gueixas, e sim a grande Sayumi. Muito melhor do que eu
esperava. Será uma honra para meu pupilo aprender modos com a grande Sayumi, e
espero que ele se comporte.
– Não me deve tantas honras,
deve? Eu que devo muito à grande Kitsu. – E a Srta. que acabara de aparecer de
forma graciosa, mais graciosamente faz uma profunda mesura como a do aprendiz.
Em outro nível de graciosidade, pois apesar de ser uma jovem, era experiente em
seu trabalho e a melhor no que fazia. O quimono que tinha detalhes de galhos em
meio à seda preta complementava a beleza da gueixa (mais parecida com algum
quadro disposta em uma mesura como aquela). Mas ao se levantarem a atenção do
aprendiz logo se voltou aos olhos da mulher. Eram de uma cor praticamente
impossível de se descrever. Seriam cinza-azulados? O aprendiz só consegue
dizer: – Que olhos exóticos...
– Obrigado. Soube que você também
tem olhos interessantes.
– Devem ter falado sobre isso
então. – o aprendiz lhe mostra seus olhos de raposa por alguns instantes, e
depois os faz voltar a serem apenas olhos quase pretos e comuns.
– Olhos da noite preenchidos de
luz e raios em uma face, olhos comuns do dia com muita madeira em outra face.
Isso é uma combinação explosiva, pode causar devastações se misturado na medida
certa.
– Você tem água o suficiente para
controlar isso, não tem Sayumi? – Diz Kitsu
– A água irá conduzir os raios
até o chão e regar as terras onde as raízes poderão se fixar. – complementa Louise.
– Irei lhe contar uma história
que não deve ser repassada sem minha permissão. Você parece ser de confiança, e
se eles confiam em você, eu também o farei. – e a grande Sayumi começa a contar
a história de sua vida. Após tudo, o aprendiz recapitula para não esquecer-se
de nenhum detalhe importante.
– Então, em resumo você não tinha
esse nome, e ele lhe foi dado após virar uma gueixa. E para virar uma gueixa, a
Sayumi-san foi retirada de seu lar forçadamente, sofreu trabalhando em uma casa
onde gueixas moram. Após sofrer muito conseguiu entrar em uma escola onde elas aprendem
as coisas e ser adotada por uma irmã mais velha, que protegeu e ajudou você a
ser uma gueixa prodigiosa.
– Tirando os enormes detalhes,
restará mais ou menos isso. Lembre-se: vendemos a nossa arte, e não o nosso
corpo, e a nossa arte é entreter o cliente. Servir bebida, dançar, recitar poemas.
Dar alegria, talvez até flertar graciosamente seja trabalho de uma gueixa.
Ganhar dinheiro apenas com sexo é trabalho de uma prostituta. Não vendemos
sexo, algumas têm algo com algum cliente e o praticam, e isso não significa que
todas façam isso. Estamos aqui para ciceronear nossos convidados. Suavemente,
aos sussurros. Sempre. E como raposas, somos sempre leves e graciosas.
Infelizmente, raposas e gueixas têm caminhos tristes. Leves, graciosas, porém
solitárias. Lembre-se, você que escolhe qual caminho quer seguir, você então
quem deve aguentar todas as consequências disso. Em um caminho solitário muitas
vezes não terá quem te apoie quando você cair. Mas se você quer realmente
seguir algo, deve se levantar e continuar caminhando, sem desistir de ir até o
fim.
– Posso continuar treinando,
irmã? – Com esse pedido começa o desenrolar dos treinos de modos do aprendiz,
enquanto voltamos às memórias para outra que possui a ambiguidade incrustada em
sua testa.
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