Parte 2
Capítulo 1 – Hora do over hit
– Vamos, pare de escrever, pirralho
insolente. Eu tenho a sua libertação entre meus dentes e assim é que eu sou
tratado?
– Como assim raposa? Qual a
armação da vez?
– Chegou a hora de aplicarmos o
over hit.
– Over hit? O que será que é um
over hit?
– Será o golpe final que de bônus
trará a vitória de nossa aposta. E como efeito adicional pode até arrancar a
máscara daquela substituta.
– A Hatsumomo não é má, Kitsu,
você está se enganando nisso.
– Sem tempo para discussões bobas
e assuntos triviais. Lembra sobre aquela previsão de Alexis do dragão mais poderoso?
– Lembro, dizem que ela quase
sempre acerta. Mas o que tem a previsão dela?
– Matando ele o over hit será
efetuado com sucesso.
– Matar o dragão mais poderoso
que já existiu? Como vou matar o dragão
mais poderoso, se no último precisei de sua ajuda, e você ainda disse que ele
era um lixo?
– Agora além de se subestimar
quer fazer o mesmo comigo? Suas habilidades guiadas pela minha inteligência
serão suficientes.
– Sir Raitun, relatando
problemas. – diz o aiodrome do aprendiz, interrompendo a conversa. – Um dragão
muito poderoso invadiu o reino pelo sul. A sacerdotisa Lilith está em combate
contra ele no momento.
– Pyth. Nada bom... Não achei que
ele vinha tão cedo. Raitun, temos de executar o over hit agora. Lilith não tem
poder suficiente para derrotar Pyth.
– Quem é Pyth?
– Pyth é um dragão de verdade,
filho da primeira geração pura de dragões nascido há muitos anos. Um dragão
vermelho de seis asas, filho de Loth. É um dos dragões mais poderosos, ao Lado
de Loth e Ayenth, o primogênito. Dizem que domina mais do que fogo e que mora
próximo ao submundo. É mais do que suficiente para ganhar um desejo, não acha?
– E como você sabe quem é ele?
Como você sabe como ele é?
– Não temos tempo para isso,
preciso liberar suas habilidades, precisamos dar assistência a Lilith.
– Até agora você não me explicou
como vai “liberar minhas habilidades”. –
A raposa toma forma de um
aiodrome, e entra no corpo da Raitun. Voltamos ao mundo espiritual do aprendiz.
– Ei, como você entrou aqui? Por
que você está aqui?
– Liberando selo do modo Kyuubi.
– O aprendiz não tempo de perguntar o significado da frase. A mana da raposa
invade o local, e um símbolo estranho dentro de um círculo aparece no chão.
– Uma barreira mística
circular. – continua a raposa. – Sabia
que ele tinha esse recurso no meio de suas habilidades e contratos. – O
aprendiz continua a não entender, e se resume a observar. Havia nove figuras
fora do círculo, que por acaso se move e deixa o aprendiz dentro dele. As novas
figuras lembravam chamas, e um chama se acende em cima de uma figura. Ao passo
que uma acende, uma cauda da raposa faz o mesmo. Um fio de mana atravessa a
barreira e atinge o aprendiz dentro do círculo envolto pela barreira, formando
uma espécie de ligação ente os dois.
– “Agora entendo” – pensa o
aprendiz.
– “Então faça logo, antes que a
Lilith morra.”
– “Liberando modo Kyuubi,
primeira cauda.” – Agora o susto é dar gêmeas ao ver seu mestre se
transformando. Agora havia duas raposas gigantes liberando um poder monstruoso
enquanto estão ligados por um fio de mana.
– O que eles pretendem fazer
afinal? Uma explosão gigantesca?
– Não, vão exterminar o dragão.
– E o que eles estão fazendo?
– Kitsu está funcionando como um
selo para o poder de Raitun. Ele está suprimindo o poder dele, para que Raitun
mantenha seu foco e não se descontrole. Ele não consegue controlar tanta mana
ainda.
– Esses mestres estranhos que nós
temos... – em meio à conversa das gêmeas, o corpo físico de Raitun toma a forma
da raposa gigante e se dirige para o sul no intuito de ajudar a sacerdotisa.
Esta, no decorrer da luta com o dragão percebe que suas flechas não causam
muito dano ao dragão, pela rápida regeneração dele. Apreensiva com a demora da
chegada de reforços, apenas se desvia dos golpes. Era o máximo que poderia
fazer aproveitando-se de sua velocidade e agilidade. Sua expressão mostra
apenas relativa calma e confiança quando sente a aura aliada nas suas costas:
uma raposa gigante, quase do tamanho do dragão, patas e cauda em chamas, olhos
amarelos fixos no inimigo.
– Onde está a sua pontualidade? –
indaga Lilith
– Sincronizar e controlar isso
não são tão coisas tão fáceis de fazer quanto parecem ser. – respondem em coro
as vozes de Raitun e Kitsu.
– “Você não tinha mencionado que
nossas vozes ficariam juntas. Agora ela sabe que estamos unidos.”
– “Aprendiz idiota. Ela sempre
soube disso e do plano. Por que você acha que foi designado para fazer isso? Um
problema desses é resolvido por alguém do nível de Lorde imperial!” – Porém o
momento de diálogo é um descuido que acaba custando caro. O dragão finalmente
consegue acertar a sacerdotisa, e esta é lançada para longe com a patada
certeira. Depois de se certificar que realmente a sacerdotisa está agonizando,
ele olha com desprezo a raposa que está se preparando para atacá-lo.
– Agora raposas querem se
comparar aos dragões? Meu pai gostaria de perder tempo esmagando vermes
insolentes como vocês.
– Quem sabe não sejamos
superiores a dragões que falam de seu reflexo usando nomes alheios? Quanto a
seu pai, uma pergunta: ele realmente se incomoda com nós, ou o filho do qual
ele tanto se orgulha é fraco a ponto de precisar da ajuda do pai para esmagar
uma “reles raposa”?
A arte das ilusões é praticada
com maestria por raposas, e usar palavras para tal propósito não é algo fora de
cogitação, afinal, palavras tem o poder, detêm a vida e o sentimento de quem as
usa.
– Toda e qualquer existência
desse reino será desintegrada graças à existência maldita, raposa! Aliás, por
que não começamos com as penas da arqueira de curvas perigosas?
A primeira baforada do dragão é direcionada
para Lilith, porém a raposa se transporta para a frente da sacerdotisa a tempo
de criar uma barreira de fogo como proteção. A ira do aprendiz começa a ser
canalizada em poder, e mais uma chama se acende. Mais uma cauda aparece.
– Ora, então terei o “grande
prazer” de esmagar a “lendária” Kyuubi?!
– Tocar no orgulho de uma raposa.
Imperdoável. Kitsuhi!
O fogo gelado da raposa bate de
frente com a baforada de fogo do dragão, e em disputa de fogo contra fogo, o
dragão é forçado a se desviar antes de ser atingido. Esse movimento dá tempo
suficiente para a raposa pular com garras e dentes em cima do dragão, e as duas
criaturas começam um embate feroz e destruidor. Cada vez mais a ira do garoto
aumenta, e ela se acumula em quantidade suficiente para libertar uma terceira
cauda. A terceira cauda dá leve vantagem em poder de ataque para a raposa, o
que não faz diferença, pois mesmo que as duas criaturas se dilacerem também se
regeneram muito rápido. O céu começa a se fechar com nuvens negras, e o
aprendiz nota que uma nova aura se aproxima. Seus olhos amarelos rapidamente
varrem o local procurando o portador da aura, enquanto seu corpo reage e desvia
por reflexo. Finalmente acha algo: alguém afastado do local da luta, alguém que
usava um capuz e uma foice parecia manipular as nuvens. Porém não tem tempo
para refletir sobre o portador da aura, está no meio de uma luta, e uma luta
que pode mudar sua vida (afinal, “um desejo concedido” é algo bem poderoso,
sendo utilizado da maneira correta). Lágrimas do céu caem sobre duas bestas em
fúria, e logicamente, a água toda enfraqueceria teoricamente o fogo do dragão,
principalmente. Infelizmente a aparente vantagem acaba se tornando um grande
problema: com a mudança de cenário o dragão muda também seu elemento. Ser
atingido por uma técnica de raio em meio a uma chuva torrencial, quando se está
ensopado é uma péssima ideia, não importando o fato de você ser um garotinho ou
uma raposa mística com um terço do seu poder liberado. As primeiras descargas
liberadas pelo dragão são desviadas/defendidas com certa dificuldade. Depois
veio uma rajada contínua de raios e mana, que acaba derrubando a raposa. Quando
uma bola de neve começa a rolar, tende inevitavelmente a aumentar de tamanho.
– “Raposa, vamos liberar a
próxima cauda.”
– “Não. Muito perigoso, se você
perder o controle vai acabar ajudando ele a destruir o reino.”
– “Irei destruir o dragão! Não
posso deixá-lo impune pelo que ele fez a Lilith, iremos reduzi-lo a pó!”
– “Isso tudo pela Lilith?!”
– “Cale-se, raposa maldita!
Ajude-me de uma vez!”
– “Responda, pirralho estúpido!”–
Enquanto a discussão e o caos acentuam a tempestade do mundo espiritual de
Raitun, mais uma presença aparece quando o dragão preparava seu golpe de misericórdia.