Aprender a escrever...

Aprender a escrever só se faz escrevendo. E só aprendemos bem aquilo que para nós tenha poesia.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Projeto - Parte 2, Capítulo 1



Parte 2


Capítulo 1 – Hora do over hit


– Vamos, pare de escrever, pirralho insolente. Eu tenho a sua libertação entre meus dentes e assim é que eu sou tratado?
– Como assim raposa? Qual a armação da vez?
– Chegou a hora de aplicarmos o over hit.
– Over hit? O que será que é um over hit?
– Será o golpe final que de bônus trará a vitória de nossa aposta. E como efeito adicional pode até arrancar a máscara daquela substituta.
– A Hatsumomo não é má, Kitsu, você está se enganando nisso.
– Sem tempo para discussões bobas e assuntos triviais. Lembra sobre aquela previsão de Alexis do dragão mais poderoso?
– Lembro, dizem que ela quase sempre acerta. Mas o que tem a previsão dela?
– Matando ele o over hit será efetuado com sucesso.
– Matar o dragão mais poderoso que já existiu?  Como vou matar o dragão mais poderoso, se no último precisei de sua ajuda, e você ainda disse que ele era um lixo?
– Agora além de se subestimar quer fazer o mesmo comigo? Suas habilidades guiadas pela minha inteligência serão suficientes.
– Sir Raitun, relatando problemas. – diz o aiodrome do aprendiz, interrompendo a conversa. – Um dragão muito poderoso invadiu o reino pelo sul. A sacerdotisa Lilith está em combate contra ele no momento.
– Pyth. Nada bom... Não achei que ele vinha tão cedo. Raitun, temos de executar o over hit agora. Lilith não tem poder suficiente para derrotar Pyth.
– Quem é Pyth?
– Pyth é um dragão de verdade, filho da primeira geração pura de dragões nascido há muitos anos. Um dragão vermelho de seis asas, filho de Loth. É um dos dragões mais poderosos, ao Lado de Loth e Ayenth, o primogênito. Dizem que domina mais do que fogo e que mora próximo ao submundo. É mais do que suficiente para ganhar um desejo, não acha?
– E como você sabe quem é ele? Como você sabe como ele é?
– Não temos tempo para isso, preciso liberar suas habilidades, precisamos dar assistência a Lilith.
– Até agora você não me explicou como vai “liberar minhas habilidades”. –
A raposa toma forma de um aiodrome, e entra no corpo da Raitun. Voltamos ao mundo espiritual do aprendiz.
– Ei, como você entrou aqui? Por que você está aqui?
– Liberando selo do modo Kyuubi. – O aprendiz não tempo de perguntar o significado da frase. A mana da raposa invade o local, e um símbolo estranho dentro de um círculo aparece no chão.
– Uma barreira mística circular.  – continua a raposa. – Sabia que ele tinha esse recurso no meio de suas habilidades e contratos. – O aprendiz continua a não entender, e se resume a observar. Havia nove figuras fora do círculo, que por acaso se move e deixa o aprendiz dentro dele. As novas figuras lembravam chamas, e um chama se acende em cima de uma figura. Ao passo que uma acende, uma cauda da raposa faz o mesmo. Um fio de mana atravessa a barreira e atinge o aprendiz dentro do círculo envolto pela barreira, formando uma espécie de ligação ente os dois.
– “Agora entendo” – pensa o aprendiz.
– “Então faça logo, antes que a Lilith morra.”
– “Liberando modo Kyuubi, primeira cauda.” – Agora o susto é dar gêmeas ao ver seu mestre se transformando. Agora havia duas raposas gigantes liberando um poder monstruoso enquanto estão ligados por um fio de mana.
– O que eles pretendem fazer afinal? Uma explosão gigantesca?
– Não, vão exterminar o dragão.
– E o que eles estão fazendo?
– Kitsu está funcionando como um selo para o poder de Raitun. Ele está suprimindo o poder dele, para que Raitun mantenha seu foco e não se descontrole. Ele não consegue controlar tanta mana ainda.
– Esses mestres estranhos que nós temos... – em meio à conversa das gêmeas, o corpo físico de Raitun toma a forma da raposa gigante e se dirige para o sul no intuito de ajudar a sacerdotisa. Esta, no decorrer da luta com o dragão percebe que suas flechas não causam muito dano ao dragão, pela rápida regeneração dele. Apreensiva com a demora da chegada de reforços, apenas se desvia dos golpes. Era o máximo que poderia fazer aproveitando-se de sua velocidade e agilidade. Sua expressão mostra apenas relativa calma e confiança quando sente a aura aliada nas suas costas: uma raposa gigante, quase do tamanho do dragão, patas e cauda em chamas, olhos amarelos fixos no inimigo.
– Onde está a sua pontualidade? – indaga Lilith
– Sincronizar e controlar isso não são tão coisas tão fáceis de fazer quanto parecem ser. – respondem em coro as vozes de Raitun e Kitsu.
– “Você não tinha mencionado que nossas vozes ficariam juntas. Agora ela sabe que estamos unidos.”
– “Aprendiz idiota. Ela sempre soube disso e do plano. Por que você acha que foi designado para fazer isso? Um problema desses é resolvido por alguém do nível de Lorde imperial!” – Porém o momento de diálogo é um descuido que acaba custando caro. O dragão finalmente consegue acertar a sacerdotisa, e esta é lançada para longe com a patada certeira. Depois de se certificar que realmente a sacerdotisa está agonizando, ele olha com desprezo a raposa que está se preparando para atacá-lo.
– Agora raposas querem se comparar aos dragões? Meu pai gostaria de perder tempo esmagando vermes insolentes como vocês.
– Quem sabe não sejamos superiores a dragões que falam de seu reflexo usando nomes alheios? Quanto a seu pai, uma pergunta: ele realmente se incomoda com nós, ou o filho do qual ele tanto se orgulha é fraco a ponto de precisar da ajuda do pai para esmagar uma “reles raposa”?
A arte das ilusões é praticada com maestria por raposas, e usar palavras para tal propósito não é algo fora de cogitação, afinal, palavras tem o poder, detêm a vida e o sentimento de quem as usa.
– Toda e qualquer existência desse reino será desintegrada graças à existência maldita, raposa! Aliás, por que não começamos com as penas da arqueira de curvas perigosas?
 A primeira baforada do dragão é direcionada para Lilith, porém a raposa se transporta para a frente da sacerdotisa a tempo de criar uma barreira de fogo como proteção. A ira do aprendiz começa a ser canalizada em poder, e mais uma chama se acende. Mais uma cauda aparece.
– Ora, então terei o “grande prazer” de esmagar a “lendária” Kyuubi?!
– Tocar no orgulho de uma raposa. Imperdoável. Kitsuhi!
O fogo gelado da raposa bate de frente com a baforada de fogo do dragão, e em disputa de fogo contra fogo, o dragão é forçado a se desviar antes de ser atingido. Esse movimento dá tempo suficiente para a raposa pular com garras e dentes em cima do dragão, e as duas criaturas começam um embate feroz e destruidor. Cada vez mais a ira do garoto aumenta, e ela se acumula em quantidade suficiente para libertar uma terceira cauda. A terceira cauda dá leve vantagem em poder de ataque para a raposa, o que não faz diferença, pois mesmo que as duas criaturas se dilacerem também se regeneram muito rápido. O céu começa a se fechar com nuvens negras, e o aprendiz nota que uma nova aura se aproxima. Seus olhos amarelos rapidamente varrem o local procurando o portador da aura, enquanto seu corpo reage e desvia por reflexo. Finalmente acha algo: alguém afastado do local da luta, alguém que usava um capuz e uma foice parecia manipular as nuvens. Porém não tem tempo para refletir sobre o portador da aura, está no meio de uma luta, e uma luta que pode mudar sua vida (afinal, “um desejo concedido” é algo bem poderoso, sendo utilizado da maneira correta). Lágrimas do céu caem sobre duas bestas em fúria, e logicamente, a água toda enfraqueceria teoricamente o fogo do dragão, principalmente. Infelizmente a aparente vantagem acaba se tornando um grande problema: com a mudança de cenário o dragão muda também seu elemento. Ser atingido por uma técnica de raio em meio a uma chuva torrencial, quando se está ensopado é uma péssima ideia, não importando o fato de você ser um garotinho ou uma raposa mística com um terço do seu poder liberado. As primeiras descargas liberadas pelo dragão são desviadas/defendidas com certa dificuldade. Depois veio uma rajada contínua de raios e mana, que acaba derrubando a raposa. Quando uma bola de neve começa a rolar, tende inevitavelmente a aumentar de tamanho.
– “Raposa, vamos liberar a próxima cauda.”
– “Não. Muito perigoso, se você perder o controle vai acabar ajudando ele a destruir o reino.”
– “Irei destruir o dragão! Não posso deixá-lo impune pelo que ele fez a Lilith, iremos reduzi-lo a pó!”
– “Isso tudo pela Lilith?!”
– “Cale-se, raposa maldita! Ajude-me de uma vez!”
– “Responda, pirralho estúpido!”– Enquanto a discussão e o caos acentuam a tempestade do mundo espiritual de Raitun, mais uma presença aparece quando o dragão preparava seu golpe de misericórdia.

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