Aprender a escrever...

Aprender a escrever só se faz escrevendo. E só aprendemos bem aquilo que para nós tenha poesia.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Projeto - Parte 2, Capítulo 13

Capítulo 13 - Caos


Yumi estava encenando uma peça onde uma sacerdotisa e um guerreiro apaixonaram-se em meio a uma guerra. Ela era a sacerdotisa, e Sigfried o guerreiro. Havia uma cena onde eles deveriam se declarar e se beijar, e nessa cena (que estava quase se concluindo) ocorre uma mudança inesperada no roteiro: três homens de capuz preto pulam para o palco.
– Ora, suposto poderoso casal, não sabeis vós que é proibido o que pretendes? Diz um dos três
– Quem és tu, e o que podes falar com tal autoridade? Tens a coragem de entrar em assuntos alheios, porém por que esta não está contigo quando deves revelar sua face? Responde o meio orc, em um tom desafiador e agressivo.
– Se é isso que o perturba, reles inseto, sua inútil preocupação será dissipada. É o que retruca ele, aumentando de tamanho e modificando rapidamente sua forma. Chifres, escamas, asas aparecem. As criaturas tentam fugir, causado um enorme tumulto. O homem encapuzado mostra ser um dragão, e não qualquer um: era Ayenth, que voltara ainda mais assustador. Pensando logicamente, os outros dois só poderiam ser Loth e Pyth. As baforadas, porém não vieram primeiramente deles.
– Definitivamente... Vocês ao sairão ilesos daqui. Não, não, não, não, não, não...  Comenta Sigfried.
– Não após destruírem meu festival... Assustar a todos... E impedir eles dois de se beijarem! Grita Louise furiosa em plena metamorfose. Ela também retornou à sua forma de dragão... E a primeira baforada foi literalmente a dela. Apesar de ser teoricamente mais fraca do que qualquer dos três lendários dragões da lenda, ela mantêm a luta em um nível consistente graças à ajuda dos dois Lordes.
Enquanto isso os aiodromes do casal restante começam a brilhar da forma mais intensa possível, até finalmente conseguirem acordar os dois.
– Sir Raitun. Lady Lilith, sérios problemas! Os dragões voltaram, e Louise e os dois lordes não poderão derrotá-los sem sua ajuda!
– Está insinuando que eles não têm poder suficiente?
– Não, confirmando aquilo que vimos: só poder sagrado funciona neles. E O de Louise não é tão forte. Além disso, ela provavelmente se transformou em dragão, tem mais poder nessa forma.
–Você sabe que quanto mais usar seu poder, mais rapidamente a marca toma conta do seu corpo.
– Sabemos também sobre os meus deveres, não sabemos? O garoto responde apenas com um suspiro.
– Yumi não poderia erguer um campo de repulsão?
– Sobre todo o reino? Impossível manter isso para sempre, seria algo que precisaria de uma quantidade insanamente grande de mana. Ah, falando em arquiduquesa, preciso dizer algo a respeito dela.
– E o que seria?
– Não deveria falar-lhe tal coisa, mas prefiro te machucar agora enquanto posso te curar, do que fazer o mesmo em escala maior e sem cura depois. Sei que nesse pouco tempo você a considerou muito, como a outras pessoas, eu entendo isso, ela lhe recebeu educadamente, lhe deu vestes e nome, mas... Infelizmente, para ela isso foi apenas uma missão, era apenas a função dela. Você para ela não é alguém tão especial, porém não é tão comum... Em resumo, não a superestime. Aliás... Não superestime nenhum contato. Trata-se isso como informação confidencial, ok? E lembre-se de manter-se como um espelho, único como um espelho, porém ainda um espelho.
– Entendido. Irei separar raposas e falsas raposas da melhor maneira possível.
– Você vai ajudar alguém que não te considera especial?
– Sim, vou. Ajudaria até os dragões e seres das trevas caso eles pedissem, por favor.
– Desse jeito? Diz a sacerdotisa em meio a risos, em meio às roupas sendo colocadas. Raitun ri e começa a fazer o mesmo. Vestidos e revigorados, espreguiçados, arrumados, se beijando, sorriem e o aprendiz pergunta:
 –Vamos?
– Vamos.
– Saem lentamente da mansão, observando o caos que rola solto pela cidade. A praça principal e o palco em chamar, criaturas de todos os tipos, tamanhos, formatos correndo para todos os lados. Andam naturalmente, praticamente apreciando aquilo. Parecem... Excitados com aquilo. Chegam ao local onde as lutas ocorriam sorrindo.

– Começaram a peça sem os atores principais?
– Que feio, não é Lilly? Completa o aprendiz.
– Mui feio coisa fofa, muito feio mesmo.
–Então, hora de fatiar os dragões. Só aí Raitun se dá conta do importante fato que não é nada bom: ele não estava com as armas.
– Raitun...
– É... As armas ficaram na raposa, só invocando-a novamente.
– Sobrevivam antes, insetos! Ruge Pyth, atacando os dois com uma parada. O ataque é aparado com o aprendiz, por uma das mãos. Este olha de lado e aponta dois dedos da mão livre para o dragão. As unhas que seguravam a pata crescem e perfuram as escamas, e o aprendiz recita:
– Arte secreta da destruição, raio branco! E recitando isso atira realmente um raio branco, saído da ponta dos dois dedos, atingindo em cheio e perfurando o olho direito do dragão. Em meio aos urros de dor da criatura bestial o garoto levanta e joga para longe o dragão com as duas mãos. Assim ele o tira por um tempo de combate, o jogo para fora da cidade praticamente. Os olhos amarelos encontram os da sacerdotisa, e ambos escutam a voz do meio-orc.
– Kagutsuchi lhes deu uma grande benção.
– Hora de aprender um pouco mais garoto... – Diz Loth, se elevando a uma determinada altura, e de lá lançando uma rajada de fogo nos recém-chegados. Fazendo alguns movimentos e apontando as palmas das mãos para o alto, Lilith prepara a defesa.
– Primeiro elemento: água. Daisuijin Heki! Proferindo isso a elfa levanta para sua proteção uma barreira semi-esférica de água completamente efetiva contra o ataque. O dragão desce em vôo rasante enquanto ela continua os encantamentos.
– Quatro ventos, quatro direções, quatro garras te prenderam, assim te manterão. Arte da contenção, Prisão em 37 pilares! A arte dos 37 pilares, como o nome diz, prende o inimigo com 37 pilares gigantescos descidos dos céus diretamente sobre o corpo do alvo. Com este devidamente preso, ela dá continuação aos encantamentos.
– Oh, grande imperador! As nove caudas despertaram! A sabedoria me é concedida, o espírito se torna um com o corpo. Fonte da vida, chama que não queima, eleva-se ao poder máximo! Arte da destruição, canhão de fogo gélido! Esse é executado com as duas palmas das mãos. Há um feitiço do mesmo tipo, em menor escala, que é feito com apenas uma das mãos. Logicamente, menor dano. Das palmas das mãos é atirada uma verdadeira rajada de fogo azul no adversário, fogo que lembra o fogo das raposas. Fogo que na situação provoca uma explosão ao atingir o alvo. Explosões provocam barulho e...? Fumaça. O terceiro [ou o primeiro, afinal ele quem se revelou antes] dragão se aproveita da fumaça para alçar vôo, e é quando o casal finalmente resolve voltar às armas. Lilith é abraçada novamente por Raitun, e recorre mais uma vez ao uso da entidade invocada e não invocada, o uso da Ancient mana. A entidade materializa seu arco, refletindo a atitude de Lilith, e surge o problema: como matar três dragões se diante do primeiro eles precisaram usar todo o seu poder? O entrosamento entre os dois responde a pergunta. Era como se ela pudesse extrair mais poder de Raitun, e como se Raitun pudesse dar mais poder a Lilith. Era o que sentiam. O garoto materializa a máscara novamente em seu rosto (ela não estava com ele, parecia ter ficado na mansão) e faz aparecer três caudas brancas, mantendo ainda assim sua forma humana. A máscara parecia até parte de seu corpo, as caudas certamente eram parte de seu corpo. Após isso diz a Lilith mentalmente:
– “Você tem 37 segundos.”
– “Então, vamos destruí-los em 30.
– A entidade aponta seu arco e começa a disparar uma rajada massiva de flechas em Ayenth, que desvia algumas, e é atingido de raspão por outras. Rapidamente a sacerdotisa muda o alvo e destroça Pyth, tendo a sacerdotisa, a inteligência de dissipar a fumaça usando uma flecha. Loth foi outro alvo fácil. Apesar de não estar mais preso pela técnica dos pilares, estava atordoado com a explosão. Faltava um, e outro problema surge: apesar do tamanho, ele era estupidamente rápido. O trio que lutou anteriormente e agora se resumia a observar a “luta” é feliz em rapidamente bolar uma estratégia. Talvez ele estivesse apenas tomando fôlego ou esperando o momento certo. O que menos importa em uma luta é como se derrota o inimigo, no final das contas (porém é a parte mais interessante de se contar).
Louise ainda estava em sua forma de dragão. E com essa forma ela tenta imobilizar Ayenth agarrando-o com patas e dentes. Aiodromes fazem uma redoma em volta dos dois, o meio orc joga a Gran em algum ponto da redoma, como que fazendo uma marcação em um ponto especial.
– Atirem! Gritam os três. E a entidade, sabendo que seu tempo estava acabando, atira sua última flecha dizendo com uma voz assustadora.
– Greater Arrow of Light! Assim como o nome, o ataque era poderoso. E a enorme flecha de luz tem efeitos bem distintos nos dois dragões que ela atravessou: enquanto a flecha regenera Louise, começa a desintegrar Ayenth. O tempo havia sido tão bem calculado que junto com o dragão se desintegram também a máscara de Raitun e a entidade invocada por Lilith.
Antes de ir-se completamente, o dragão ainda encontra forças para dizer:
–Ah, malditas serão as raposas. Maldita também és tu, sacerdotisa marcada. Seus esforços inúteis apenas atrasam a vinda do Darklord. Ele virá e trará consigo a escuridão. Vocês dois serão os primeiros a serem engolidos pelo lobo negro.
–Não enquanto eu tiver flechas para destroçar o lobo. Após dizer isso e esperar o dragão sumir, Lilith se vira para agradecer a Raitun. Esteve estava caído no chão, novamente exausto.
– Achamos outra coisa que esgota sua energia, hein coisa fo-
A sacerdotisa interrompe a frase, leva a mão ao ombro e a voz aos quatro cantos do reino com um grito de dor, caindo de joelhos em terra. Os outros podem não ter percebido, mas Raitun viu que a marca crescera. Mesmo exausto e sem forças, ele de alguma forma se senta e a abraça.

– Não quero seus dias terminem na sombra e sofrimento. E farei o que puder para que isso seja mudado. A luz voltará pra você, nem que ela seja a minha. – diz Raitun, concentrando seu mana nas mãos e usando as técnicas de cura aprendidas com a elfa branca, Alexis.

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